Cinema

A Pantera Cor-de-rosa [1963]

A Pantera Cor-de-rosa (1963)
Título original: The Pink Panther
Ano: 1963
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 115 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Blake Edwards (Um Tiro no Escuro, Um Convidado Bem Trapalhão, Mulher Nota 10)
Trilha Sonora: Henry Mancini (Um Viúvo Trapalhão, O Prisioneiro de Zenda, Encontro às Escuras)
Elenco: David Niven, Peter Sellers, Robert Wagner, Claudia Cardinale, Capucine, Brenda De Banzie, Colin Gordon, John Le Mesurier, James Lanphier, Guy Thomajan, Michael Trubshawe
Distribuidora do DVD: MGM
Avaliação: 8

Talvez a mais famosa realização tanto do diretor Blake Edwards quanto do ator Peter Sellers, A Pantera Cor-de-rosa (assim como suas continuações) faz parte de um seleto grupo de comédias capazes de aliar com classe a estética pastelão com uma refrescante sutileza. O filme foi projetado como veículo para uma série que deveria focar o personagem de David Niven. Porém, contrariando as expectativas de todos, quem surpreendeu foi Sellers, que cativou as audiências de todo o mundo com a sua performance. Além disso, o filme renderia uma das melhores séries animadas da história, estrelada pela famosa pantera que aqui fazia também sua estréia, cheia de graça enquanto os créditos de abertura são apresentados.

Toda a inteligência por trás da polícia francesa acredita que o próximo alvo do temível ladrão conhecido simplesmente como o "Fantasma" (David Niven) é o famoso diamante intitulado "Pantera Cor-de-rosa", uma jóia de valor incalculável que faz parte da coleção pessoal da princesa Dala (Claudia Cardinale). Após investigar as atividades do Fantasma por anos, o inspetor Jacques Clouseau (Peter Sellers) é designado para proteger a princesa e capturar o bandido de uma vez por todas. Acompanhado de sua bela e traiçoeira esposa (Capucine), Clouseau faz o possível para salvaguardar sua protegida durante a sua estadia nos Alpes, tendo ainda que lidar com o sobrinho recém-chegado (Robert Wagner) do galante malfeitor.

Nas comédias pós-ano 2000, a fleuma e o estilo tolo-romântico que permeia os filmes da série do inspetor Clouseau é algo praticamente inexistente. É por isso que obras como esta se recusam a envelhecer, e têm a tendência de ficarem sempre mais engraçadas a cada vez que são revistas. O Clouseau de Sellers é a síntese do protagonista pateta, uma das mais bem-acabadas evoluções do herói chapliniano, e uma espécie de mestre supremo para todos os desastrados que já foram ou serão criados na literatura recente, no cinema ou em qualquer outra arte narrativa. O estilo de Edwards, aqui, sinaliza muito bem a transição entre o modelo de se fazer cinema nos anos 50 e as comédias mais contemporâneas, onde cenas cruciais ainda são separadas com os então tradicionais dissolves/fades, acompanhadas no entanto por uma edição ousada e eternizadas pela fenomenal trilha sonora de Henry Mancini.

E o filme está bem servido de mulheres, uma coisa impressionante de se ver. A italiana Claudia Cardinale, no auge da beleza, exibe seus encantos como uma princesa cujo reino não se fica sabendo direito qual é, mas que tem um charme capaz de derreter até o coração do temível Fantasma. Diz-se que seus diálogos foram dublados na pós-produção, já que ela não dominava o inglês na época. Mero detalhe, para falar a verdade. A francesa Capucine, cujo nome verdadeiro era Germaine Lefebvre, também belíssima, acentua a palermice de Clouseau e ajuda a eclipsar ainda mais o protagonista David Niven. A prova de que Jacques Clouseau foi criado como um coadjuvante é que nem mesmo há uma introdução decente para o seu personagem. Mas fica mais do que óbvio que Niven vai vagarosamente perdendo terreno até o final bastante corajoso (e meio fora dos eixos) da história. Ainda bem que o resto da série, para a felicidade geral das platéias das décadas de 60 e 70 (e atuais também, claro), é centrado em Clouseau, o inspetor-detetive mais atrapalhado da França.

Além dos comentários em áudio de Blake Edwards, o único extra do DVD é o trailer de cinema do filme.

Texto postado por Kollision em 24/Fevereiro/2006