Cinema

Um Tiro no Escuro

Um Tiro no Escuro
Título original: A Shot in the Dark
Ano: 1964
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 102 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Blake Edwards (Tudo pelo Teu Amor, O Retorno da Pantera Cor-de-rosa)
Trilha Sonora: Henry Mancini (Escravas do Medo, Bonequinha de Luxo, Mulher Nota 10)
Elenco: Peter Sellers, Elke Sommer, Herbert Lom, George Sanders, Graham Stark, Burt Kwouk, Tracy Reed, Moira Redmond, Vanda Godsell, Maurice Kaufmann, Ann Lynn, David Lodge, André Maranne, Martin Benson, Reginald Beckwith, Douglas Wilmer
Distribuidora do DVD: MGM
Avaliação: 8

O oportunismo providencial de Blake Edwards foi o grande responsável por este filme ser realizado, já que em sua concepção original ele jamais esteve destinado a fazer parte da série cômica sobre o desastrado inspetor Clouseau. O filme deveria ter sido uma adaptação fiel de uma peça de teatro, o que não aconteceu graças à birra de Peter Sellers, mas mesmo assim o autor original manteve seu nome nos créditos. Todos os personagens, contudo, foram remodelados para se encaixarem em mais uma peripécia investigativa que foi, estranhamente, filmada basicamente ao mesmo tempo que o filme de estréia da série, A Pantera Cor-de-rosa, que fôra lançado nos cinemas apenas três meses antes deste.

O assassinato à queima-roupa do motorista do bilionário Benjamin Ballon (George Sanders), em sua própria mansão, é tratado com total descaso pelo oficial de polícia, que só percebe a gravidade do caso após tê-lo designado ao incomparavelmente incompetente inspetor Jacques Clouseau (Peter Sellers). Sem se fazer de rogado, Clouseau assume o caso e logo cai de amores pela principal suspeita, a formosa empregada Maria Gambrelli (Elke Sommer), que tinha um caso com o morto e segurava a arma do crime quando foi encontrada. Disposto a provar a inocência da moça a qualquer custo, o atrapalhado detetive e seu complacente ajudante Hercule (Graham Stark) empregam meios de investigação que levam à loucura o seu chefe, o comissário da polícia Charles Dreyfus (Herbert Lom).

Tão ou até mais engraçado que a estréia de Clouseau, sua segunda aventura tem como maior diferencial, bem, tê-lo como personagem principal absoluto da história, papel destinado anteriormente ao ladrão feito por David Niven. Esta seqüência também é atípica por não trazer nos desenhos dos créditos de abertura a famosa pantera. É aqui que aparecem pela primeira vez os dois mais famosos coadjuvantes da série: o comissário Dreyfus e seu hilário tique de piscar o olho, e o ajudante e parceiro de treino de Clouseau chamado Cato (Burt Kwouk), um meio-clone de Bruce Lee que responde por alguns dos momentos mais engraçados de Um Tiro no Escuro. O brilho feminino fica por conta da estonteante Elke Sommer, que faz com que Clouseau joque pela janela sua quase inexistente sensatez e protagonize uma comédia de erros com muito humor negro. Não fosse Sommer a atriz escolhida para o papel da empregada que vive sendo surpreendida nas cenas dos crimes, a escalação teria sido a italiana Sophia Loren ou a alemã Romy Schneider.

Henry Mancini permanece fazendo um trabalho colossal na trilha sonora, evitando a repetição e pontuando com eficiência vários dos momentos mais sarcásticos das trapalhadas de Clouseau, como sua ida a um clube de nudismo e sua noitada desastrosa num restaurante russo. O ponto baixo do filme fica por conta do final abrupto e exagerado, que decepciona completamente. Com um desfecho menos pastelão e mais objetivo, o filme com certeza se aproximaria da perfeição.

O DVD da MGM traz como único extra o trailer de cinema do filme.

Texto postado por Kollision em 30/Abril/2006