Cinema

Um Convidado Bem Trapalhão

Um Convidado Bem Trapalhão
Título original: The Party
Ano: 1968
País: Estados Unidos
Duração: 99 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Blake Edwards (Anáguas a Bordo, Lili - Minha Adorável Espiã, Vítor ou Vitória?)
Trilha Sonora: Henry Mancini (A Pantera Cor-de-rosa [1963], Bonequinha de Luxo)
Elenco: Peter Sellers, Claudine Longet, Fay McKenzie, J. Edward McKinley, Gavin MacLeod, Denny Miller, Steve Franken, Jean Carson, Allen Jung, Marge Champion, Dick Crockett, Frances Davis, Kathe Green, Sharron Kimberly, Stephen Liss, James Lanphier, Elianne Nadeau
Distribuidora do DVD: MGM
Avaliação: 4

Única colaboração entre Peter Sellers e Blake Edwards fora da série da Pantera Cor-de-rosa, Um Convidado Bem Trapalhão representou uma encruzilhada nas carreiras de ambos, que voltavam a se cruzar após os desentendimentos surgidos durante a produção de Um Tiro no Escuro (1964). Foi graças à harmônica simbiose notada neste filme, pelo menos nos meandros técnicos, que a série do inspetor Clouseau pôde prosseguir meia década mais tarde, com o lançamento de O Retorno da Pantera Cor-de-rosa (1975).

Não há muito de história propriamente dita neste filme. Hrundi V. Bakshi (Sellers) é um ator indiano trabalhando numa típica produção hollywoodiana. Para o desespero do diretor do filme, Bakshi é um desastre no set, o que o obriga a despedí-lo e praticamente expulsá-lo de qualquer outra produção em que ele tente atuar. A grande ironia é que Bakshi acaba sendo convidado por engano para uma festa organizada por ninguém menos que o produtor do estúdio (J. Edward McKinley). O que se segue é um festival de nonsense e gags desastradas que giram em torno do abobalhado Bakshi, que mesmo em meio às trapalhadas consegue conquistar a simpatia de uma bela atriz iniciante (Claudine Longet).

Para uma obra que se desenvolveu com base num roteiro de cerca de 60 páginas e com forte ênfase no improviso, o filme não corresponde às expectativas esperadas dos nomes por trás da hilariante saga da Pantera Cor-de-rosa, que é na realidade a franquia pela qual Peter Sellers ou Blake Edwards sempre serão lembrados, para o bem ou para o mal. Há a nítida impressão de que o filme poderia ter metade da sua duração, como demonstram algumas seqüências esticadas até o limite do razoavelmente admissível. O humor é ingênuo, inofensivo, às vezes forçado e em muitos momentos bastante infantilizado, num claro sinal de que a obra envelheceu mais rápido do que deveria para o status que possui.

O sotaque de Peter Sellers, como sempre a verdadeira razão de ser do filme, está simplesmente impecável. O ator protagoniza logo na cena de abertura do longa uma de suas mais famosas seqüências, aquela em que ele é baleado por todos os lados por tropas de soldados revoltados com a sua insistência em soar uma trombeta irritante. É uma pena que o potencial para o humor rasgado seja confundido com um humor forçado, numa tentativa de espontaneidade narrativa que não é lá muito sutil. Além de Sellers, chega a brilhar por alguns momentos a figura do garçom bêbado feito por Steve Franken, e só. Em sua segunda metade a película vai perdendo o gás praticamente por completo, caminhando para um final que chega a lembrar as comédias mais românticas de Chaplin. Infelizmente, o resultado fica longe de ser tão satisfatório. Nem tudo no filme, porém, fica abaixo da média. Se há um aspecto que pode ser taxado de impecável, trata-se da trilha sonora do inigualável Henry Mancini.

O único extra do DVD é o trailer original de cinema do filme.

Texto postado por Kollision em 5/Junho/2006