Cinema

Jogos Mortais VI

Jogos Mortais VI
Título original: Saw VI
Ano: 2009
País: Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 90 min.
Gênero: Terror
Diretor: Kevin Greutert (Jogos Mortais - O Final)
Trilha Sonora: Charlie Clouser
Elenco: Tobin Bell, Costas Mandylor, Betsy Russell, Mark Rolston, Peter Outerbridge, Athena Karkanis, Shawnee Smith, Samantha Lemole, Tanedra Howard, Marty Moreau, Shawn Ahmed, Janelle Hutchison, Gerry Mendicino, Caroline Cave, Shauna MacDonald
Distribuidora do DVD: Buena Vista
Avaliação: 6/10

Revisto em DVD em 31-OUT-2010, Domingo

Existem certos atores que aparecem do nada para fazer sucesso estrondoso, após anos e anos de obscuridade. Eu, particularmente, não conheço praticamente nada da carreira jovem de gente como Ian McKellen (na categoria dos mais famosos) ou, no caso de Jogos Mortais, Tobin Bell. Calma lá, a minha ignorância neste caso é exatamente isso, MINHA. E a minha curiosidade em conhecer trabalhos anteriores desses veteranos é proporcional ao meu grau de desconhecimento. Apesar de praticamente ausente das cenas do primeiro capítulo da mega-saga de Jigsaw, Tobin Bell veio com o tempo a se tornar a principal peça de uma mitologia única no moderno cinema de horror, a única série de horror recente capaz de se sustentar filme após filme e orgulhosa herdeira de clássicos longevos como Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo. Bell, com sua carranca sinistra e sua ideologia extrema de correção para quem não dá valor à vida (própria ou de outrem), evoca na plateia um dilema quase surreal sobre o certo e o errado, transposto para a tela em emaranhados narrativos de sangue, tripas e sadismo gráfico. Jogos Mortais VI é apenas mais uma peça do quebra-cabeças. Não é a melhor, mas é tão digna quanto as demais em seu intento de entreter por meio de uma "tortura" visual que, queiramos ou não, já cravou seu nome com honra dentro da história do gênero.

Os extras do DVD consistem de um especial de quase 10 minutos sobre as armadilhas do filme, outro de 6 minutos com enfoque sobre Tobin Bell e mais um de 10 minutos mostrando o parque de diversões do Universal Studios baseado na série. Completam o pacote o trailer e os videoclipes de Your Soul Is Mine do Mushroomhead, Ghost in the Mirror do Memphis May Fire , In Ashes They Shall Reap do Hatebreed e Genocide/Saw VI Remix do Suicide Silence.

Visto no cinema em 21-NOV-2009, Sábado, sala 2 do Rondon Plaza Shopping

A longevidade da série Jogos Mortais cada vez mais me surpreende. Não em termos de sucesso crítico ou comercial, e sim em como os roteiristas são capazes de espremer a fórmula para extrair o suco necessário a cada novo capítulo que chega. Neste aqui o quebra-cabeças macabro continua a assombrar os personagens, e nem o dissimulado detetive Hoffman (Costas Mandylor) escapa da arapuca. Quem achou que ele ficaria por cima da carne seca após o desfecho de Jogos Mortais V se enganará feio, pois o cerco do FBI em torno de sua associação com o finado Jigsaw (Tobin Bell) o coloca num beco sem saída. E mesmo estando morto desde a terceira parte, é o próprio Jigsaw quem comanda as armadilhas mortais deste capítulo, graças aos tentáculos proporcionados por sua ex-esposa (Betsy Russell) e por Hoffman. Se por um lado sua vingança ganha contornos ainda mais pessoais do que quando ele perpetrou o seu primeiro crime (desta vez o assassino se volta contra a corporação de planos de saúde que ferrou seu tratamento), por outro o roteiro o obriga a quebrar a regra primordial que norteia o seu método de trabalho, aquela que dita que "todos merecem uma chance". Logo, podem ter certeza que alguns dos acorrentados da vez vão morrer sem qualquer chance de escapar. Seria esta a loucura de um homem maquiavelicamente senil ou o vísivel relaxo/esgotamento no aproveitamento da fórmula? É fácil relegar isso a segundo plano enquanto as mortes se sucedem na tela e outros personagens finados retornam em participações esclarecedoras, mas pelo menos esta é a segunda vez consecutiva em que o final me agradou. Ele abre possibilidades mais abrangentes para a inevitável continuação, que pode - ou não - finalmente se livrar da estrutura narrativa criada em 2004 e destilada ao longo dos altos e baixos de tantas sequências.