Cinema

Jogos Mortais III

Jogos Mortais III
Título original: Saw III
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 107 min.
Gênero: Terror
Diretor: Darren Lynn Bousman (Jogos Mortais II, Jogos Mortais IV)
Trilha Sonora: Charlie Clouser (Jogos Mortais, Resident Evil 3 - A Extinção)
Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Bahar Soomekh, Angus Macfadyen, Donnie Wahlberg, Dina Meyer, Mpho Koaho, Barry Flatman, Lyriq Bent, J. LaRose, Costas Mandylor, Debra McCabe, Betsy Russell
Distribuidora do DVD: Buena Vista Home Entertainment
Avaliação: 6/10

Revisto em DVD em 7-AGO-2008, Quinta-feira

A intenção era rever esta terceira parte logo após a sessão dupla que fizemos em Dezembro do ano passado (!). Bem, podemos tardar, mas falhar jamais! Uma das coisas que confirmei ao rever este episódio da já emblemática série de quebra-cabeças torture porn foi o grande salto no nível de sangue, que faz desta terceira parte provavelmente a mais pesada dos quatro primeiros longas (o quinto filme já está engatilhado para estrear em Outubro deste ano). Importante também é como pequenos trechos de Jogos Mortais III se entrelaçam com Jogos Mortais IV. Então nem preciso dizer (de novo) quão importante deve ser assistir a tudo sem muita demora, não é mesmo?

Os extras do DVD consistem de uma faixa de comentários conjunta do diretor Darren Lynn Bousman, do roteirista Leigh Whannel e dos produtores Peter Block e Jason Constantine (legendada), acompanhada de 5 minutos de cenas excluídas e três especiais curtos de 7 a 10 minutos que discorrem sobre o trabalho do diretor, os acessórios e as armadilhas do filme.

Visto no cinema em 8-NOV, Quarta-feira, sala 5 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 14-NOV-2006

Como algumas séries de horror de sucesso no passado, Jogos Mortais atinge neste terceiro episódio o status de regime permanente ou, em outras palavras, a tal velocidade de cruzeiro. Foram três filmes em somente três anos, muito hype criado em torno da idéia e um sucesso financeiro relativamente seguro. A história foi a mesma com, por exemplo, Jason Voorhees e a série Sexta-Feira 13, que baseou-se numa fórmula que funcionava muito bem até esgotá-la. Nos dias atuais é fato que Jigsaw, o monstro de Jogos Mortais, passou a fazer parte da cultura mundial do cinema de horror. E o que é mais interessante: de todas as séries similares, esta é a que mais parece ter sido concebida como uma trilogia, apesar do segundo e do terceiro filmes partirem de uma colcha de retalhos que o diretor Darren Lynn Bousman tenta costurar a todo custo.

Exatamente por isso é imprescindível que o espectador tenha assistido a Jogos Mortais e Jogos Mortais II antes de colocar os olhos em Jogos Mortais III, ou ele corre um sério risco de ficar sem entender muita coisa. Assumindo que os dois primeiros longas construíram uma fiel base de fãs (o que é verdadeiro, não dá para negar), os produtores decidiram amarrar várias pontas soltas das histórias anteriores e até mesmo fornecem detalhes não essenciais sobre os jogos macabros engendrados pelo vilão em suas incursões prévias no cinema. Estas cenas ganham algum sentido somente para quem viu e gostou numa escala minimamente razoável dos festivais de sangue, tripas e engodo de Jigsaw, basicamente garantindo a maior fatia do mórbido interesse por este filme, que fica um degrau abaixo do segundo e peca por alguns excessos desnecessários.

Debilitado e às portas da morte, o vingador misterioso Jigsaw (Tobin Bell), cujo nome verdadeiro é John Cramer, solicita à sua aprendiz Amanda (Shawnee Smith) que lhe traga os serviços de uma médica (Bahar Soomekh). Após ser raptada, a doutora é obrigada a operar o vilão como parte de um de seus desafios mortais, enquanto um pai de família amargurado pela morte do filho (Angus Macfadyen) é posto à prova na sala adjacente. A desestruturação emocional de Amanda, que se sente colocada de lado por seu mentor, é somente um dos indícios de que outro intrincado jogo de Jigsaw pode estar em andamento.

Pode ser possível enxergar alguma genuína engenhosidade no roteiro desta terceira parte, que pelo menos se mostra mais imaginativo que o anterior. Somente na suspensão de descrença é que a história escorrega feio, particularmente no início da maratona de desafios pela qual o personagem de Angus Macfadyen é obrigado a passar. Sua hesitação em tomar uma ação diante da mulher que se recusou a testemunhar no caso do filho morto é, infelizmente, o trecho mais difícil e menos bem-sucedido de toda a atmosfera de tensão que o filme tenta construir. Depois disso as coisas melhoram um pouco, o que não é usual, mas basicamente graças a bizarrices colocadas para chocar e enojar. O choque vem da operação padrão Discovery Health que a médica faz no vilão, e o nojo vem do castigo dado ao juiz capturado, que é colocado num tonel e submerso em vísceras de porcos em decomposição.

Intrigante que o ator Tobin Bell tenha encontrado seu lugar na galeria de monstros do cinema de horror tão tardiamente em sua carreira. Personificando Jigsaw com um semblante contemplativo, típico de quem sempre está no controle da situação, ele é quem detém o centro das atenções no elenco. Bahar Soomekh passa a sensação de já ser um rosto familiar, isso devido à sua participação como a filha do comerciante persa em Crash - No Limite (Paul Haggis, 2005).

Definitivamente não indicado para pessoas facilmente impressionáveis, Jogos Mortais III mostra ser no final das contas bem mais parecido com o primeiro capítulo da série que com o segundo. Além disso, independente de qualquer opinião sobre as partes I e II, deve ser assistido para que a experiência seja completa. No terceiro em particular a execução pode não ser muito boa no que diz respeito ao modo como os excessos são aplicados, mas pelo menos o final se preocupa em não deixar rastros evidentes para continuações baratas.