Cinema

Jogos Mortais II

Jogos Mortais II
Título original: Saw II
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 93 min.
Gênero: Terror
Diretor: Darren Lynn Bousman (Jogos Mortais III, Jogos Mortais IV)
Trilha Sonora: Charlie Clouser (Jogos Mortais, Resident Evil 3 - A Extinção)
Elenco: Donnie Wahlberg, Tobin Bell, Shawnee Smith, Dina Meyer, Erik Knudsen, Franky G, Glenn Plummer, Emmanuelle Vaugier, Beverley Mitchell, Tim Burd, Lyriq Bent, Noam Jenkins, Tony Nappo
Distribuidora do DVD: Top Tape
Avaliação: 7/10

Revisto em DVD em 2-DEZ-2007, Domingo

Sim, continuo achando que a parte II não passa de um BBB macabro manipulado por Jigsaw, mas um BBB infinitamente mais divertido que as porcarias que infestam a TV de ano em ano. O filme até subiu na revisão, pois realmente aumenta a dose de gore, grava a ferro, fogo e "agulhas" a ideologia do assassino moralista-extremista e quebra expectativas ao mostrá-lo de corpo inteiro logo no início. Bacanas são as referências a clássicos, como a da armadilha de abertura, uma homenagem explícita a Luis Buñuel e seu Um Cão Andaluz.

Na seção de extras do DVD há um making-of dividido em seis partes de 3 a 8 minutos cada, 11 minutos de comparação de storyboards, trailer do filme e também os trailers de Lost - Sem Saída, O Evangelho Segundo João, A Profecia de Alambra, A Terra Encantada de Gaya, Shadow Boxing, Crianças Invisíveis, Manual do Amor, Boa Noite e Boa Sorte e do documentário Língua - Vidas em Português.

Texto postado por Kollision em 12-NOV-2005

É interessante observar a evolução da violência no cinema ao longo dos anos, principalmente após uma sessão de Jogos Mortais II. O que há apenas alguns anos era obscuro e restrito a círculos cult de apreciação de obras violentas ao extremo parece finalmente ter atingido as massas, obviamente o público-alvo desta seqüência. O primeiro filme representou uma inegável vitória do cinema independente, de baixo orçamento e de padrão hollywoodiano, tanto de público quanto por parte da crítica em geral, no que pode ser visto muito bem como o catalisador da onda de filmes de terror carregados de uma violência mais explícita, iniciada por obras como, por exemplo, a refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica (Marcus Nispel, 2003).

Como os produtores não são bobos, engataram um segundo filme em menos de um ano, utilizando o roteiro empoeirado do diretor Darren Lynn Bousman e adequando-o às idéias apresentadas em Jogos Mortais. O resultado é uma espécie de Big Brother macabro com um degrau a mais de violência em relação ao primeiro filme, o mesmo estilo claustrofóbico e uma inevitável sensação de ladeira abaixo rumo à categoria de séries homéricas sobre serial killers, da qual fazem parte Jason Voorhees e Michael Myers.

Desta vez o roteiro começa fora do cativeiro, após mostrar o desespero de uma das vítimas do assassino agora chamado de "Jigsaw". A polícia, chefiada pelo truculento Eric Matthews (Donnie Wahlberg), rastreia o bandido até seu esconderijo, encontrando-o complacentemente sentado numa cadeira de rodas e cercado por vários monitores que mostram um grupo de oito pessoas aprisionado numa sala decrépita. Entre eles está o filho do policial (Erik Knudsen). Todos respiram um gás contaminado que os matará em duas horas, mas Jigsaw (Tobin Bell) lhes dá a chance de conseguir antídotos através de desafios letais espalhados dentro da casa. Enquanto as vítimas descobrem que possuem um terrível elo comum, Eric tenta desesperadamente extrair do lunático a informação necessária para salvar as pessoas.

Esta é uma continuação inferior, muito em parte devido à ausência do sempre bem-vindo fator surpresa. Sem ele, e com a estranha presença do serial killer em cativeiro logo no começo da história, as coisas demoram um pouco para decolar. Para os aficcionados há um panelão de sangue, cujo nível pode ser percebido logo na cena de abertura, em que um caboclo precisa arrancar o próprio olho para sobreviver ao teste de Jigsaw. A figura definhante do vilão e seu tom sinistro de voz são só uma parte da idéia de que nada é o que parece ser no filme, que tem o mérito de incorporar reminiscências espaciais e temporais da primeira parte, assegurando a conexão entre as duas histórias de modo minimamente satisfatório.

A coisa que mais incomoda em Jogos Mortais II é o modo como o trabalho policial é retratado. Das duas uma: ou a polícia consiste num bando de retardados e incompetentes ou a ameaça de Jigsaw não é assim tão importante para eles. Outra coisa é a charada colocada pelo bandido logo no início do jogo, que soa bastante óbvia para muita gente, exceto para os imbecis presos dentro da sala. Em meio ao festival de sangue e morte, há algumas citações bacanas a outros filmes do gênero, como a menção que Jigsaw faz ao obscuro Aniversário Macabro, realizado por Wes Craven em 1972 e grande inspirador da estética por trás da violência gráfica de Jogos Mortais.