Cinema

Sonhos de Mulheres

Sonhos de Mulheres
Título original: Kvinnodröm
Ano: 1955
País: Suécia
Duração: 84 min.
Gênero: Drama
Diretor: Ingmar Bergman (Sorrisos de uma Noite de Amor, O Sétimo Selo, Morangos Silvestres)
Trilha Sonora: Stuart Görling
Elenco: Eva Dahlbeck, Harriet Andersson, Gunnar Björnstrand, Ulf Palme, Inga Landgré, Benkt-Åke Benktsson, Sven Lindberg, Kerstin Hedeby
Distribuidora do DVD: Versátil Home Vídeo
Avaliação: 7

Mulheres são seres complicados. Muitos cineastas já discorreram sobre estes seres, tão incompreendidas formas de beleza e fascinação. Foi a partir dos compêndios de fotografias em movimento que grandes mulheres abrilhantaram o imaginário de muitas platéias mundo afora. Na maioria das vezes é sempre com volúpia, formosura, sensualidade e estilo que ocorre a glamourização da beleza feminina, e por conseguinte o enaltecimento a estrelas inesquecíveis. Há outra vertente, no entanto, que procura retratá-las de uma forma mais realista, despida do fascínio tão fácil que elas exercem sobre nós, homens. O fascínio continua lá, obviamente, mas em trabalhos como este Sonhos de Mulheres, é preciso mais do que o simples conceito de beleza para que elas (e seus dramas) possam ser apreciadas.

Em Estocolmo, a fotógrafa de moda Susanne (Eva Dahlbeck) agenda uma sessão especial em Gotemburgo, somente como desculpa para rever o homem que ainda permanece como sua verdadeira paixão depois de tantos anos (Ulf Palme), na realidade um empresário casado e pai de família. Com ela viaja Doris (Harriet Andersson), a jovem modelo que será fotografada e que, graças a um gênio impetuoso, acaba de romper com o namorado. Enquanto Susanne vai ao encontro de seu amor, Doris é galanteda por um senhor misterioso (Gunnar Björnstrand), que insiste em lhe cobrir de presentes.

Igmar Bergman faz de seu filme uma jornada dupla de (re)descobrimento. As duas mulheres que dividem a trama, de forma bastante direta, por sinal, compartilham uma tênue amizade profissional, sofrem com seus relacionamentos amorosos e não vêem perspectiva para suas vidas neste aspecto em particular. A mais velha se enxerga na mais jovem, mas não é capaz de tomar as rédeas de sua vida graças à dependência afetiva que a consome. As preocupações da mais jovem nem de longe espelham as de sua amiga teoricamente mais experiente, o que torna sua trajetória mais fútil, do ponto de vista dramático. A tensão sexual que se instala assim que ela se encontra com o senhor galanteador consegue manter sua linha narrativa interessante durante a maior parte do tempo. A sensação de aprendizado após a tormenta, contudo, é bem mais pronunciada na vida da fotógrafa que da modelo.

Apesar do filme ser bem-feito, ter o toque sempre distinto de Bergman e conter passagens memoráveis, com boas performances do elenco em longos diálogos filmados sem cortes, a obra em si não empolga como deveria. Infelizmente, falta carisma à dupla de mulheres protagonistas, coisa que sobra na atuação de Gunnar Björnstrand, colaborador assíduo do diretor. A decisão de manter as madeixas de Harriet Andersson curtas, talvez para dar-lhe uma aparência mais jovem e adolescente, simplesmente jogam por terra o apelo sensual da moça, que em nenhum momento durante o filme deixa transparecer uma personalidade genuinamente sedutora. O que é uma pena... Sobra para Eva Dahlbeck segurar as pontas do seu lado e garantir o resultado dramático pretendido pelo cineasta, num trabalho menor que ainda assim não abre mão das sutilezas cinematográficas tão características de Bergman.

A seção de extras do DVD tem uma apenas uma galeria de fotos e pôsteres do filme e uma biografia curta do diretor.

Texto postado por Kollision em 28/Junho/2006