Cinema

Império dos Sonhos

Império dos Sonhos
Título original: Inland Empire
Ano: 2006
País: Estados Unidos, França, Polônia
Duração: 180 min.
Gênero: Drama
Diretor: David Lynch (Eraserhead, O Homem Elefante, Duna [1984])
Trilha Sonora: David Lynch
Elenco: Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux, Harry Dean Stanton, Julia Ormond, Grace Zabriskie, Mary Steenburgen, Ian Abercrombie, Karen Baird, Jan Hencz, Krzysztof Majchrzak, Karolina Gruszka, Diane Ladd, William H. Macy, Nastassja Kinski, Laura Harring
Distribuidora do DVD: Europa Filmes
Avaliação: 6/10

Visto em DVD em 24-JAN-2009, Sábado

Vocês estão vendo a cara da Laura Dern na capa do DVD brasileiro de Império dos Sonhos? Imaginem então a minha cara tentando entender o filme depois que ele terminou, já que ela é que é praticamente idêntica à da Sra. Dern! “Mas que diabos!” é a expressão mais aplicável, e quem é familiarizado com o trabalho de David Lynch faz uma boa noção do porquê desta minha reação.

Linearmente falando, pelo menos até o ponto em que a redoma surreal não cobriu toda a história, Império dos Sonhos conta o episódio em que a atriz Nikki (Laura Dern) começa a trabalhar num longa-metragem. Depois de saber por seu diretor (Jeremy Irons) que trata-se da refilmagem de um filme polonês inacabado porque os atores foram assassinados durante a produção, Nikki se envolve com seu colega de cena (Justin Theroux) e começa a confundir realidade com ficção. Como a história se passa em Los Angeles, e muito do estilo remete ao anterior Cidade dos Sonhos, Império pode ser encarado como uma espécie de continuação deste último. A principal diferença é que Império foi todo filmado em meio digital, resultando em imagens bem mais escuras que o normal (esteja atento para aumentar o ajuste de brilho da TV em pelo menos 20%).

Dito isso, declaro que não consegui interpretar o filme de forma satisfatória. Talvez o que mais tenha feito sentido para mim seja a ideia de que o termo Inland Empire defina, de fato, o drama de sua protagonista.

Tanto você quanto eu sabemos que o cinema de Lynch não é para qualquer um. Eu mesmo admito que a reação mais comum e plausível neste caso é revolta, pois são afinal nada menos que três horas assistindo a uma aparente colagem de cenas desconexas que por coincidência têm alguns atores/atrizes que aparecem na maioria delas. O maior anacronismo, no entanto, ocorre um dia depois que você assistiu ao filme. Você se pega pensando naquilo que viu, talvez até inconscientemente esteja tentando juntar as peças do quebra-cabeças. Então você lê alguma coisa que escreveram sobre ele em algum lugar. Assiste aos extras do DVD. E se vê irremediavelmente fisgado, pelos motivos mais improváveis possíveis, por um trabalho que aparentemente não fazia sentido algum, mas que por algum motivo inexplicável passou a lhe apetecer artisticamente. E você chega à conclusão de que, algum dia, terá que revê-lo, tendo a certeza de que o nível de compreensão poderá ser então um pouco melhor – não pleno, apenas um pouco melhor.

O segundo disco do DVD duplo vem com mais de 70 minutos de cenas excluídas (eu adoraria se a cena da venda do relógio tivesse permanecido no corte final – Karolina Gruszka... anotem esse nome!), uma galeria de fotos animada de 7 minutos, uma seqüência borrada de 12 minutos de uma dança de balé, 20 minutos com David Lynch preparando sua receita de Quinoa e contando uma história inusitada de uma de suas viagens, uma entrevista de 40 minutos em que o cineasta destila sua fascinação com a nova tecnologia de fazer cinema, meia hora de cenas de bastidores com Lynch e sua equipe em ação e a versão do filme em formato MP4.