Cinema

Zinda Laash

Zinda Laash
Título original: Zinda Laash
Ano: 1967
País: Paquistão
Duração: 103 min.
Gênero: Terror
Diretor: Khwaja Sarfaraz
Trilha Sonora: Tassadaque Hussain
Elenco: Rehan, Habib, Ala-Ud-In, Asad Bukhari, Nasreen, Cham Cham, Latif Charlie, Deeba, Yasmine, Baby Najmi, Sheela, Munwar Zarif
Distribuidora do DVD: Mondo Macabro
Avaliação: 1

Até há pouco tempo este filme obscuro, conhecido no ocidente pelo título de The Living Corpse, era raridade absoluta. Recuperado, logo veio à tona o fato de que se tratava do primeiro e um dos poucos filmes de terror feitos no Paquistão, mais precisamente em Lollywood (tal qual a mais famosa e imbatível Bollywood, na Índia), como é conhecida a meca da produção cinematográfica do país, cuja base é a cidade de Lahore. Trata-se de mais uma releitura da história clássica de Drácula, adaptada para a cultura local e tratada como a técnica formulaica da época exigia que fosse tratada. Ou seja, sob todos os pontos de vista, marcada e empobrecida pela interferência cultural que jamais permitiu que o cinema do país passasse a ser conhecido em qualquer outra parte do mundo.

Drácula é convertido nesta versão no professor Tabani (Rehan), um cientista que se transforma num vampiro ao aplicar em si uma fórmula capaz de lhe dar a vida eterna. Vampirizado, logo ele trata de trazer para o mundo das trevas também sua ajudante (Nasreen). Algum tempo depois, a entrada de um transeunte perdido no lugar (Asad Bukhari) inicia o ciclo de mordidas e derramamento de sangue que envolve o irmão da vítima (Habib) e todo o resto de sua família no combate contra o vampiro.

O negócio todo é muito ruim. Mesmo com muito boa vontade fica difícil encontrar nesse amontoado de baboseiras qualidades características aos filmes de terror, por vários motivos. Primeiramente, muito da história e do trabalho de câmera é descaradamente chupado do clássico da Hammer O Vampiro da Noite (Terence Fisher, 1957). Dizem quem prestou mais atenção que até trechos da trilha sonora de James Bernard são canibalizados. E não é só o compositor que é copiado – atenção à seqüência em que a vítima dirige até a casa do vampiro ao alegre som de La Cucaracha! Como se não bastassem tais indecências criativas, muitas das situações do roteiro são abertamente imbecis. O motivo que o alter-ego de Jonathan Harker encontra para chegar ao castelo do vampiro, a reação de seu amigo ao encontrá-lo mais tarde no lugar e a palermice do vampiro em suas maquinações maléficas são alguns exemplos da estética infantilóide de uma história tosca e filmada de qualquer jeito. O que, pelo que parece, consistia no modo como as coisas eram feitas no cinema do país na época.

A edição é deficiente, a narrativa não tem ritmo algum e o excesso de fades na primeira parte da história chega a irritar. Como se não bastasse a pobreza do todo, somos obrigados a agüentar as seqüências musicais que pipocam sem qualquer motivo ou relação com a história. A dança que a vampira faz para seduzir sua primeira vítima vem como um toque pitoresco da cultura local dentro do filme, mas as posteriores seqüências musicais da dança no bar e da descontração na praia são de doer o estômago. Fica difícil, hoje em dia, compreender porque a censura da época ameaçou barrar o filme por causa do conteúdo "excessivamente sensual" das moçoilas que, completamente vestidas, protagonizam seqüências inocentes, normais e pudicas de uma dança típica... É uma coisa cultural mesmo, só vivendo lá para compreender isso.

O nível de consideração quanto à qualidade da produção alcança pelo menos um padrão mínimo na caracterização do vampiro-mor. O que se poderia esperar de um filme que lista praticamente todo o seu elenco por um nome somente? Simplesmente ridículo, mas eis a questão cultural novamente em cena... Analisando a obra, no entanto, por aquilo que ela é (um longa-metragem conceitualmente de horror) e pelo que ela NÃO é (uma gema, uma pérola, como ouvi dizerem por aí), só é possível constatar uma coisa: eita filmezinho ruim!

O DVD traz o filme com áudio original e legendas em inglês, acompanhado de uma faixa de comentários conjunta do escritor Pete Tombs e do crítico paquistanês Omar Khan. A seção de extras tem um especial de 12 minutos com entrevistas atuais de todos os homens do elenco, um documentário de 25 minutos sobre três fases do cinema de horror indiano e paquistanês (o horror na Índia dos anos 80, o cinema emergente no Paquistão dos anos 90 e o novo gênero de filmes religiosos carregados de efeitos especiais digitais), um artigo em texto, três galerias de fotos e pôsteres, trailer e o mini-trailer com vários lançamentos da Mondo Macabro.

Visto em DVD em 1-DEZ-2006, Sexta-feira - Texto postado por Kollision em 5-DEZ-2006