Cinema

Penetras Bons de Bico

Penetras Bons de Bico
Título original: Wedding Crashers
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 119 min.
Gênero: Comédia
Diretor: David Dobkin (Titio Noel, Eu Queria Ter a Sua Vida, O Juiz [2014])
Trilha Sonora: Rolfe Kent (Obrigado por Fumar, E Se Fosse Verdade, Armações do Amor)
Elenco: Owen Wilson, Vince Vaughn, Christopher Walken, Rachel McAdams, Isla Fisher, Jane Seymour, Ellen Albertini Dow, Keir O'Donnell, Bradley Cooper, Rebecca De Mornay, Ron Canada, Henry Gibson, Dwight Yoakam, David Conrad, Jennifer Alden, Geoff Stults, Will Ferrell
Avaliação: 8

Owen Wilson e Vince Vaughn vivem em Penetras Bons de Bico o sonho realizado de todos os farristas e mulherengos de plantão. Eles são os heróis dos desgarrados, os mestres do aluguel e da conquista barata, os cânones da libertinagem irresponsável, os ídolos de um estilo de vida regado a prazeres efêmeros e fugazes. Analisando-se o filme a partir desta idéia central, a primeira impressão que qualquer um tem não pode ser das melhores. Felizmente, este é mais um caso em que a primeira impressão não é a que fica, o que faz desta comédia um achado de bons momentos que milagrosamente consegue espremer algo fresco de idéias já tão gastas e exploradas.

A dupla dinâmica da malandragem planejada, na realidade uma dupla de advogados pés-de-chinelo, vive de entrar de bicão nos casamentos alheios para azarar as mulheres à deriva. Os dois são tão profissionais que atacam somente na temporada ideal (a época do ano com mais casamentos marcados), e sempre seguindo as regras de um tipo de mantra universal dos bicões garanhões, bolada há alguns anos atrás por algum guru da modalidade (que por sinal dá as caras lá pelo final do filme). Tudo muda de figura quando, no maior e mais chique casamento da temporada, Owen Wilson arria as quatro rodas pela filha do ricaço William Cleary (Christopher Walken), a doce Claire (Rachel McAdams). Wilson acaba empurrando o amigo numa sinuca de bico quando aceita acompanhar a moça num retiro de sua família, tudo para poder conquistar aquela pela qual, afinal, ele pode realmente estar sentindo algo de verdade pela primeira vez na vida.

Mesmo com algumas gracinhas já sendo ensaiadas, o início extremamente machista da história pode espantar um pouco. O bom de tudo começa mesmo quando, isolados numa ilha particular da moça rica, nossos heróis se vêm às turras com o noivo dela (Bradley Cooper), sua irmã (Isla Fisher) e seu irmão (Keir O'Donnell). Todos da família têm sua colaboração a dar nos quesitos esquisitice e momentos engraçados, alguns deles protagonizando passagens inspiradíssimas que colocam Vince Vaughn em situações inacreditáveis de pagação de mico. Quando necessário, o roteiro não amacia nem as situações nem a linguagem, tendo o bom senso de tomar a decisão certa nos momentos adequados e, assim, não insultando a inteligência do espectador.

Corajosamente, a história mudo de rumo em sua segunda metade, assumindo completamente o tom de comédia romântica quando o bon-vivant arrependido feito por Owen Wilson passa a comer terra pela paixão de sua vida. O nível das piadas diminui um pouco, o que deixa espaço suficiente para uma bem-vinda inversão de papéis que meio que compensa todas as sacanagens sofridas por Vince Vaughn no início de sua jornada. Ambos, por sinal, estão absolutamente à vontade em cena. No elenco coadjuvante, um dos destaques é Rebecca De Mornay, que finalmente assume um papel que condiz melhor com sua condição de coroa (mais uma vez valorizando a parte mais chamativa de seu corpo, claro), ela que já foi musa dos adolescentes durante a década de 80, vide Negócio Arriscado (Paul Brickman, 1983).

O filme nem sempre mantém um ritmo regular mas, quando engata, é garantia de gargalhadas rasgadas. Ele ainda tem em sua trilha sonora um apanhado de músicas bacanas, além de uma aparição surpresa de Will Ferrell, que de certa forma dá uma ajudinha aos protagonistas da história em sua rendição espiritual da perdição em que vivem.

Texto postado por Kollision em 15/Setembro/2005