Cinema

Psicose III

Psicose III
Título original: Psycho III
Ano: 1986
País: Estados Unidos
Duração: 89 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Anthony Perkins
Trilha Sonora: Carter Burwell (Arizona Nunca Mais, Santo Golpe, Com Qual das Duas?)
Elenco: Anthony Perkins, Diana Scarwid, Jeff Fahey, Roberta Maxwell, Hugh Gillin, Lee Garlington, Robert Alan Browne, Juliette Cummins, Gary Bayer, Patience Cleveland, Steve Guevara, Kay Heberle, Donovan Scott, Hugo Stanger
Distribuidora do DVD: Universal Pictures
Avaliação: 6

O círculo se fecha em torno do icônico Norman Bates nesta segunda continuação do clássico Psicose, obra-prima realizada por Alfred Hitchcock em 1960. É o próprio Norman quem dirige o filme, num esforço literalmente de pai para filho por parte de Anthony Perkins, cuja imagem já estava então irremediavelmente associada a um dos psicopatas mais famosos da história do cinema. Fica bastante claro que o esforço de Perkins em sua primeira tentativa como diretor é, em sua maior parte, uma combinação morna entre um slasher convencional e uma homenagem explícita ao seu mentor Hitchcock.

Após se safar das complicações criminosas do filme anterior, Norman Bates (Anthony Perkins) continua a viver em paz administrando seu motel de beira de estrada. De uma hora para outra, chega à cidade uma repórter (Roberta Maxwell) disposta inicialmente a conseguir entrevistas com Norman, mas que logo se revela uma intrometida de marca maior. Outro intrometido é o recém-contratado gerente de seu hotel (Jeff Fahey), um canalha disfarçado que se une à repórter para investigar a rotina de seu chefe. A chegada de uma freira desgarrada e desesperada (Diana Scarwid) ao motel Bates traz de volta à atormentada mente de Norman a lembrança de Marion Crane, a primeira e mais famosa vítima de sua personalidade esquizofrênica. É então que as conversas com sua "mãe", cujo corpo ele continua a esconder dentro de casa, voltam a atormentá-lo com impulsos homicidas.

A aproximação do personagem principal ao estilo descartável de assassino serial tão popularizado na década de 80 é o que mais ajuda a denegrir este trabalho de Anthony Perkins. A famosa dupla personalidade de Norman já não consegue apresentar surpresas como antes. Sendo assim, foi preciso apelar para aqueles personagens relâmpago, que aparecem numa cena somente para serem mortos imediatamente a seguir. Meio que sintetizando e ajudando a definir o gênero durante a década, Perkins até mesmo decide tirar a roupa de algumas garotas e tenta abordar seu alter-ego com um olhar mais pessimista, revelando traços repugnantes de sua personalidade que jamais chegaram a dar as caras nos filmes anteriores (como o hábito novo de beijar o cadáver de uma garota antes de se livrar dele).

Duas cenas chave entregam o quanto o diretor/astro quis homenagear/copiar o mestre Hitchcock: a morte da primeira vítima, que emula a famosa cena do chuveiro de Janet Leigh, e a seqüência de queda da escadaria, filmada nos moldes de outra cena clássica do filme original. Fora isso, a única coisa que foge à banalização que parece permear toda a película é a performance única e sempre incômoda de Anthony Perkins. Norman, por sinal, é um cara bastante sortudo para um psicopata... Doido como é, ele ainda consegue atrair a simpatia genuína de jovenzinhas como Meg Tilly (em Psicose II) e Diana Scarwid, o muro de lamentações e talvez a salvação do psicopata neste filme.

Pra variar, não há nada de material extra na edição em DVD lançada pela Universal.

Texto postado por Kollision em 5/Fevereiro/2006