Cinema

Fenômeno

Fenômeno
Título original: Phenomenon
Ano: 1996
País: Estados Unidos
Duração: 123 min.
Gênero: Drama
Diretor: Jon Turtelbaub (Instinto [1999], Duas Vidas, A Lenda do Tesouro Perdido)
Trilha Sonora: Thomas Newman (American Buffalo, O Povo Contra Larry Flint, O Quarto Poder)
Elenco: John Travolta, Kyra Sedgwick, Forest Whitaker, Robert Duvall, Jeffrey DeMunn, Richard Kiley, Brent Spiner, Vyto Ruginis, Bruce A. Young, Michael Milhoan, Sean O'Bryan, David Gallagher, Ashley Buccille, Tony Genaro, Troy Evans, Elisabeth Nunziato, Ellen Geer, James Keane
Distribuidora do DVD: Touchstone Home Video
Avaliação: 9

Dos filmes que John travolta fez em seu segundo período de sucesso em Hollywood, este é, com certeza, um dos melhores. Um filme despretensioso como sua história e sua ambientação, mas tão bem executado e dotado de uma mensagem tão bem elaborada que fica difícil não gostar dele. O roteiro simples e sutil trafega pelo drama, pela comédia e pelo romance com uma desenvoltura cativante, contando com um elenco extremamente simpático e uma seleção musical de imenso bom gosto.

Travolta é aqui o bom moço George Malley, um mecânico de uma cidadezinha da Califórnia que, na noite de seu aniversário de 37 anos, desmaia ao ser atingido por uma luz intensa vinda do céu. O fenômeno inexplicável coincide com uma verdadeira revolução na inteligência e na capacidade de George, que passa a devorar tanto romances como livros de física avançada com a mesma facilidade com que conserta os carros de sua oficina. O conhecimento crescente de George, que chega a demonstrar capacidade extra-sensorial e telecinésia, causa espanto em seus amigos mais íntimos, como o colega Nate (Forest Whitaker), seu médico (Robert Duvall) e Lace (Kyra Sedgwick), a grande paixão de sua vida, uma mãe solteira de dois filhos pequenos que hesita arduamente em se envolver com quem quer que seja.

O diretor Jon Turteltaub começa seu longa como uma crônica caipira, para ir dosando aos poucos os aspectos da personalidade de George Malley, o arquétipo do bom rapaz de meia-idade, trabalhador, honesto e, acima de tudo, apaixonado. É fácil perceber que ele é o tipo ideal que toda mulher gostaria de ter como fã, mas Kyra Segdwick está lá para colocar a devoção do rapaz à prova em várias seqüências que atestam o bacaníssimo lado romântico do filme, sendo algumas delas de cortar o coração. Com a cara de bom moço e sua arraigada persona de galã, Travolta caiu como uma luva no papel de George Malley. A extraordinária metamorfose que ele atravessa logo levanta dúvidas sobre onde a sua evolução vai parar, sendo o ponto de inflexão da película o único responsável por uma previsibilidade infelizmente inevitável, que não chega a tirar o brilho do filme e garante um desfecho catártico, carregado de poesia em suas amargas entrelinhas.

Num fato que é ainda desconhecido para muitos, já existe uma espécie de mito acerca do próprio John Travolta, que na vida real reconhecidamente já demonstrou possuir dons e habilidades extra-sensoriais, mais ou menos como o seu personagem em Fenômeno. Adepto da doutrina da cientologia, Travolta atraiu bastante atenção na época de realização do filme, ao demonstrar ser capaz de curar colegas acidentados apenas com a pressão de suas mãos. Não é difícil encontrar vários textos sobre isso na Internet. Verdade ou não, o fato é que esse detalhe da vida do ator só faz aumentar o fascínio exercido pelo filme, que é econômico nos "fenômenos" que mostra e pelo menos mantém o personagem de George Malley dentro de uma boa esfera de credibilidade, para o bem da história.

O DVD lançado pela Buena Vista não contém um extra sequer e, estranhamente, traz as legendas em Português com a versão do Português de Portugal.

Texto postado por Kollision em 13/Abril/2006