Cinema

A Partilha

A Partilha
Título original: A Partilha
Ano: 2001
País: Brasil
Duração: 96 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Daniel Filho (A Dona da História, Se Eu Fosse Você, Muito Gelo e Dois Dedos D'Água)
Trilha Sonora: Ed Motta, Nelson Motta, Rita Lee
Elenco: Glória Pires, Andréa Beltrão, Lília Cabral, Paloma Duarte, Herson Capri, Marcello Antony, Fernanda Rodrigues, Chica Xavier, Thiago Fragoso, Denis Carvalho, Carla Daniel, Francisco Cuoco, Miguel Falabella, Lui Mendes, Maitê Proença, Tony Ramos
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 7

O que pode resultar da combinação de uma peça teatral de sucesso, um diretor experiente em praticamente todas as áreas da produção televisiva (inclusive a atuação) e um elenco talentoso, todos reunidos na elaboração de um longa-metragem para o cinema? "Uma grande porcaria", alguns poderiam dizer. "Outra novela condensada em uma hora e meia de filme", diriam outros. E o preconceito maior poderia ser proferido por alguém que pudesse reclamar da obra ter sido co-produzida pela Globo Filmes. Pois eu digo que a verdade está bem longe disso. E isso vem de alguém que sempre teve um certo preconceito contra produções nacionais, notadamente durante a década de 90.

As quatro protagonistas são irmãs que não se vêem há algum tempo, e se reúnem para dividir a herança deixada pela mãe recém-falecida: um antigo apartamento em Copacabana. O processo revela-se mais complicado do que parece, quando as personalidades díspares e intricadas de cada uma delas vêm à tona e começam a criar conflitos e mais conflitos. Uma é casada, a outra é libertina. A terceira abandonou tudo para morar na Europa com um novo marido, e a mais nova possui tendências sexuais nada convencionais.

Por mais que a linguagem teatral ou televisiva seja evidente em algumas passagens, é um deleite ver estas quatro atrizes de talento em cena. As picuinhas entre as irmãs surgem e desvanecem, para mais tarde dar lugar a um conflito maior desencadeado pela irmã mais conservadora de todas, a esposa-modelo Glória Pires. Os melhores momentos ocorrem quando ela decide comprometer a venda do apartamento, colocando as irmãs em desespero e, de tabela, forçando a resolução dos conflitos pessoais de cada uma no clímax da história.

É difícil eleger a melhor em cena, mesmo que a estrela da experiente Glória Pires pareça brilhar mais que as outras. Todas têm seus momentos e contribuem de forma esplêndida para o ritmo solto, enaltecedor e nostálgico do filme. Alguns vícios televisivos aparecem em cenas internas e tomadas como as da praia, que no entanto não chegam a comprometer a estrutura do filme em si. Remando contra a maré de realizações algo insossas que apareciam no cinema brasileiro na época, A Partilha surgiu em 2001 para ajudar a alavancar as produções nacionais e provar ao grande público que nosso cinema pode ser genuinamente divertido, sem recorrer à chanchada nem soar piegas. Grande mérito de Miguel Falabella, o autor da peça original, e do diretor Daniel Filho.

O making-of de 20 minutos e um especial curto de 6 minutos na seção de extras refletem o bom clima do filme. Há ainda 2 trailers, cenas de ensaios, erros de gravação e biografias do diretor e suas quatro protagonistas.

Texto postado por Kollision em 8/Novembro/2004