Cinema

Morgane et ses Nymphes

Morgane et ses Nymphes
Título original: Morgane et ses Nymphes
Ano: 1971
País: França
Duração: 86 min.
Gênero: Terror
Diretor: Bruno Gantillon
Trilha Sonora: François de Roubaix a.k.a. Cisco El Rubio (Escravas do Desejo)
Elenco: Dominique Delpierre, Mireille Saunin, Alfred Baillou, Régine Motte, Ursule Pauly, Michéle Perello, Nathalie Chaine, Velly Beguard, Solange Pradel, Patricia Lecarpentier
Distribuidora do DVD: Mondo Macabro
Avaliação: 4

Lançado antes da explosão dos filmes pornográficos franceses durante a década de 70, Morgane et ses Nymphes foi a estréia de Bruno Gantillon, diretor vindo da televisão que clamava querer trazer para o cinema uma história repleta de erotismo sem vulgaridade. O teor resultante no filme é deveras inofensivo, principalmente nos dias de hoje, sustentando-se quase que exclusivamente em cenas de nudez de belas mulheres para mostrar a realidade de luxúria comandada por uma feiticeira lasciva e imortal.

Em viagem através dos campos franceses, as amigas Françoise (Mireille Saunin) e Anna (Michéle Perello) acabam ficando sem gasolina e decidem passar a noite num local abandonado. Ao despertar, Françoise percebe que Anna desapareceu, e sai à procura da amiga. Ela é ajudada por um estranho anão (Alfred Baillou) que a conduz até o castelo dominado por Morgane (Dominique Delpierre) e habitado por belas mulheres em vestidos coloridos. Morgane faz a Françoise uma proposta mágica: em troca de sua alma, ficar no castelo para sempre e reter a juventude e a beleza eternamente, sendo que um destino horrível espera a quem desafiá-la ou traí-la. A chegada de Françoise desperta a inveja e a fúria das servas da sacerdotisa, de quebra abalando a relação doentia entre ela e seu lacaio anão.

Abandonem todas as esperanças aqueles que acreditarem que este filme faça alguma menção a Merlin ou a qualquer outra coisa envolvendo as lendas da época do rei Arthur. Deste folclore é só mesmo o nome que a tal Morgane herda. A sua propalada maldade também, embora de forma mais velada. Com uma atmosfera onírica que lembra bastante as melhores obras de terror da produtora inglesa Hammer, o filme praticamente se aproveita do pretexto de Morgana e suas escravas para exibir uma coleção de cenas de lesbianismo superficial e muita, muita nudez feminina. O lado macabro da história é somente sugerido, e de forma bastante eficiente, através dos semblantes dos poucos homens e idosos que aparecem. O sangue é inexistente, e o clima sempre presente de sonho é reforçado com um final que é um achado.

O público masculino com certeza não terá nada do que reclamar do elenco. Morgane não é outra senão uma versão feminina e menos macabra do Conde Drácula, cercada por servos em seu intransponível castelo. O baixíssimo orçamento do filme, que teve a sorte de contar com locações reais que vieram a incrementar os valores de produção sobremaneira, nem chega a ser assim tão evidente. Além disso, a ótima trilha sonora pontua o clima etéreo de lesbianismo à flor da pele com certa classe. Infelizmente, o longa sofre de sérios problemas de ritmo, com uma interminável seqüência de dança lá pela sua metade que parece não acabar nunca. Em contraponto ao show de bustos descobertos, a figura bizarra do anão andrógino Alfred Baillou é patética e ao mesmo tempo cômica: o jeito com que ele corre pela floresta seguido por Françoise, logo no começo do filme, é de matar de rir. Chega a lembrar a trupe de cavaleiros de Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado.

O DVD tem como extras notas sobre o filme e o castelo onde ele foi realizado, biografias dos realizadores e do elenco, um curta de 13 minutos (Un Couple d'Artistes) feito por Bruno Gantillon no início de sua carreira cinematográfica, uma entrevista atual de 10 minutos com o diretor e um trailer de 4 minutos com um compêndio de vários lançamentos de terror da distribuidora.

Texto postado por Kollision em 14/Novembro/2005