Cinema

Mandrake - O Mágico

Mandrake - O Mágico
Título original: Mandrake, the Magician
Ano: 1939
País: Estados Unidos
Duração: 215 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Sam Nelson, Norman Deming
Trilha Sonora: Sidney Cutner, Floyd Morgan
Elenco: Warren Hull, Al Kikume, Doris Weston, Forbes Murray, Edward Earle, Kenneth MacDonald, Don Beddoe, Rex Downing, John Tyrrell, Dick Curtis, Stanley Brown, Beatrice Curtis, Sam Ash, Lester Dorr, Ernie Adams, Eddie Fetherston, Eddie Foster
Distribuidora do DVD: Classicline
Avaliação: 2

Foi sem muito alarde ou mesmo esperança que o jovem escritor Lee Falk lançou o personagem Mandrake em quadrinhos publicados diariamente nos jornais americanos de 1934. Com o auxílio do ilustrador Phil Davis, Falk formulou seu herói a partir dos grandes mágicos que se apresentavam nos palcos da época, imbuindo-o com a aura detetivesca de personagens como Sherlock Holmes e concebendo-o à sua própria imagem. Felizmente, Mandrake logo se converteu num grande sucesso em muito pouco tempo. Isso pode ser medido por meio da curta janela existente entre o lançamento das tiras de jornais e a produção de uma série de 12 episódios de curta duração exibidos semanalmente nos cinemas em 1939, devidamente compilados sob a forma de um extenso longa-metragem que ultrapassa três horas e meia de duração.

A trama de toda a série se concentra na batalha entre o detetive e mágico Mandrake (Warren Hull) contra o misterioso Vespa. Vespa, um gênio do mal, não passa de um malfeitor mascarado que deseja espalhar o caos na nação, e para isso se apodera de uma máquina de destruição que funciona à base de rádio e de um raro minério, a platonita (!). Desenvolvida pelo professor Houston (Forbes Murray), a máquina é um perigo para o mundo, mas Mandrake e seu fiel aliado Lothar (Al Kikume) entram em ação para impedir que a gangue do Vespa concretize seus planos. Ao mesmo tempo, o mágico se depara com os constantes perigos que rondam a bela filha do professor (Doris Weston) e seus aliados na investigação (o médico feito por Edward Earle e o engenheiro protagonizado por Kenneth MacDonald).

Encarar este filme em apenas uma sessão é tarefa árdua. Infelizmente, pelos motivos menos nobres possíveis. Os melhores episódios são, notadamente, os dois primeiros e os dois últimos, basicamente por dois motivos. 1) É somente na primeira meia hora que vemos o mágico Mandrake realmente executar seus truques de prestidigitação e ilusionismo, e a grande maioria em aparições exibicionistas. Quem dera se ele usasse o truque de desaparecimento na fumaça, por exemplo, para escapar de seus perseguidores com mais freqüência. 2) Em seu trecho intermediário, a história é levada em absoluto banho-maria e redundantes idas e vindas, ganhando alguma forma definitiva somente no episódio número 11, através de um confronto final adiado das formas mais estapafúrdias possíveis.

Charmoso e sempre disposto a ir atrás dos bandidos, o herói é rapidamente convertido num detetive quase invencível, que escapa das ciladas com a mesma facilidade com que seus inimigos aparecem e desaparecem da tela. Uma constante que logo será notada é que todo episódio, que dura em média 20 minutos, tem que obrigatoriamente ter uma perseguição de carros e uma briga de punhos entre a dupla Mandrake/Lothar e seus algozes. O triste é que, lá pelo quarto capítulo, a coisa já encheu o saco e tudo fica extremamente chato. Piorando o espetáculo, parece que os roteiristas simplesmente esqueceram que Mandrake é mágico, extirpando das histórias um aspecto que teria dado muito mais interesse e dinamismo à história.

Precursor de personagens heróicos semelhantes (como o Batman, cuja primeira aparição em quadrinhos foi em 1939, ano de realização desta série), Mandrake ganhou aqui uma transposição cinematográfica que podia até ser empolgante na época, mas envelheceu terrivelmente, contando com uma linguagem folhetinesca que viria a influenciar também muitas séries depois dela. É o desempenho de Warren Hull na pele do herói e a presença de alguns efeitos especiais interessantes para a época que ajudam a justificar a idéia de que o filme vale, pelo menos, como curiosidade.

Não há nenhum extra acompanhando o filme no DVD lançado pela Classicline.

Texto postado por Kollision em 31/Março/2006