Cinema

Lucía e o Sexo

Lucía e o Sexo
Título original: Lucía y el Sexo
Ano: 2001
País: Espanha, França
Duração: 123 min.
Gênero: Drama
Diretor: Julio Medem (Os Amantes do Círculo Polar, Caótica Ana)
Trilha Sonora: Alberto Iglesias (Guerrilha sem Face, Fale com Ela, Pelos Meus Olhos)
Elenco: Paz Vega, Tristán Ulloa, Najwa Nimri, Daniel Freire, Elena Anaya, Javier Cámara, Silvia Llanos, Diana Suárez, Juan Fernández, Charo Zapardiel, María Álvarez, Javier Coromina
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 7

Lucía e o Sexo é um título estranho para este filme. A capa do DVD também sugere algo que não é inteiramente verdade a respeito da obra do espanhol Julio Medem. A despeito de todo o erotismo inerente ao roteiro, trata-se de um drama para o espectador adulto, uma pequena tragédia que se mostra algo confusa em relação ao seu personagem principal. Uma das idéias que talvez possa explicar isso é que a história é, na realidade, dividida em duas partes: Lucía, a mais breve delas, e a segunda, El Sexo.

Decepcionada com a conduta do namorado Lorenzo (Tristán Ulloa) e acreditando que o mesmo morreu de um acidente de carro, a garçonete Lucía (Paz Vega) parte rumo à ilha paradisíaca que era uma das fixações do casal. Enquanto percorre as praias do lugar, ela relembra os eventos que a levaram até ali, desde o momento em que declarou sua paixão ao escritor Lorenzo e com ele passou a viver. À medida em que ela avança as recordações e encontra seu lugar numa pousada administrada pela simpática Elena (Najwa Nimri), passado e presente se fundem numa teia de paixão, tragédia e culpa.

A boa condução das cenas e a direção eficiente de atores é o que mais se destaca no filme, cujo roteiro tem sua cota de vazios deliberados e passagens nebulosas. A seqüência de eventos que se segue à introdução de Elena e ao nascimento e criação de sua filha não é bem explicada. A interação dessa realidade com a do escritor Lorenzo também é, inicialmente, forçada e artificial. Como força primordial de todas as transformações cruciais dos personagens está o sexo, que é retratado na linha tênue entre o artístico e o pornográfico. Embora nada explícito seja mostrado, as situações eróticas e as cenas de nudez são bastante tórridas e algo excitantes (obviamente, o conteúdo mais explícito ficou a cargo de dublês dos atores principais). A ênfase no aspecto sensual transcende a relação entre Lorenzo e Lucía, envolvendo praticamente todos os coadjuvantes de relevância. Os dois disputam o posto de personagem central da trama, daí a confusão em relação ao título, mas quem mais se destaca mesmo é o taciturno e desesperado Lorenzo, vítima desconsolada de suas próprias experiências sexuais pregressas e presentes.

Paz Vega está radiante como a fogosa Lucía. O modo como ela atropela o escritor Lorenzo em sua paixão e ele, perplexo, a aceita em sua vida, não necessariamente interfere ou apresenta alguma relevância na natureza dos eventos que vêm a seguir. É quase uma pena que sua personagem se mostre tão fascinante no início (principalmente para a parcela masculina da platéia), para depois ser relegada a segundo plano e servir de conciliadora para os desencontros da história. A ausência de qualquer vestígio sobre seu passado e sua família, outro conceito de considerável importância dentro do roteiro, não lhe deixa mais nenhuma nuance de personalidade além daquelas associadas ao seu trabalho e à sua fixação por Lorenzo. O que, na vida real, muitas vezes é o que de fato acontece.

A seção de extras do DVD contém apenas biografias do elenco e do diretor e o trailer do filme.

Texto postado por Kollision em 14/Novembro/2005