Cinema

A Vida de Brian

A Vida de Brian
Título original: Life of Brian
Ano: 1979
País: Inglaterra
Duração: 94 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Terry Jones (Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado)
Trilha Sonora: Geoffrey Burgon
Elenco: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin, Sue Jones-Davies, Charles McKeown, Spike Milligan, Terence Bayler, Carol Cleveland, Kenneth Colley
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 8

O que fez do grupo Monty Python um rolo compressor da comédia ácida dos anos 70 foi exatamente a diversidade existente entre o sexteto que o formava. O melhor a respeito do grupo é que, independente de suas diferenças ou do que estivessem fazendo depois que cada um debandou para o seu lado, todos se respeitavam mutuamente em um nível que hoje é quase impossível de se imaginar, dada a importância e o egocentrismo que marca os comediantes de maior sucesso do show business. O entrosamento destes malucos fica evidente nesta que foi a segunda de três produções para o cinema onde a força criativa do grupo pôde contar com todos eles em sua melhor forma. Terry Jones assinando a direção, Terry Gilliam cuidando da direção de arte, e ambos atuando junto aos demais em múltiplos e alucinados papéis, numa metralhadora de deboche religioso, proibida por muito tempo em vários países devido ao seu alegado conteúdo blasfemo.

Já no nascimento, Brian passou muito perto de ser considerado o messias da era moderna. Sua manjedoura, vizinha à de Jesus, chega a ser visitada por três sábios que são inadvertidamente espantados pela ganância da mãe do pirralho (feita pelo próprio diretor Terry Jones). 33 anos depois, Brian (Graham Chapman) e sua mãe levam uma vida normal, comparecendo a apedrejamentos públicos e convivendo com o domínio romano em Jerusalém. Os problemas de Brian começam mesmo quando ele decide se juntar a um grupo de revolucionários liderados por Reg (John Cleese), e apronta uma série de confusões que fazem com que ele seja confundido com o próprio messias. Não demora para que ele seja levado à presença de Pôncio Pilatos (Michael Palin, hilário), se ferrando cada vez mais até um desfecho criticamente demolidor e musicalmente inesquecível.

Farpas e sarro voam para tudo quanto é lado, num filme feito com um desprendimento que não perdoa ninguém. Mesmo assim, eles evitam desferir golpes muito graves num nível mais abrangente; Jesus, por exemplo, não é achincalhado diretamente, e mesmo os romanos recebem um tratamento até elogioso em muitas das passagens cômicas. Fica bastante claro na seqüência de Pôncio Pilatos que o alvo deles era muito mais os costumes e os aspectos da cultura do povo que qualquer figura histórica em particular (se bem que Pilatos sempre foi unanimidade entre cristãos e pagãos, mas isso não vem ao caso). O olhar de irreverência dos Pythons é simplesmente único e anárquico e, apesar de não ser para todos os gostos sempre, não deve deixar de ser visto.

O grande bônus, pelo qual o filme nem chega a ser tão conhecido a não ser que você o assista, é a canção "Always Look on the Bright Side of Life", grudenta e irresistivelmente assoviável já à primeira audição. Composta especialmente para o longa e cantada por Eric Idle, a música coroa esta ótima comédia com um alto astral quase surreal em relação à cena a ela associada.

A edição em DVD vem com um documentário de 50 minutos sobre o grupo de comediantes e como eles se relacionavam na época da realização do filme. Sem legendas em português, infelizmente. Há ainda o trailer da produção, acompanhado dos trailers de Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado, Mestre do Disfarce, Embriagado de Amor e A Herança de Mr. Deeds.

Visto em DVD em 18-OUT-2006, Quarta-feira - Texto postado por Kollision em 24-OUT-2006