Cinema

Crise

Crise
Título original: Kris
Ano: 1946
País: Suécia
Duração: 93 min.
Gênero: Drama
Diretor: Ingmar Bergman (Chove sobre Nosso Amor, Um Barco para a Índia, Música na Noite)
Trilha Sonora: Erland von Koch
Elenco: Inga Landgré, Dagny Lind, Stig Olin, Marianne Löfgren, Allan Bohlin, Ernst Eklund, Signe Wirff, Margit Andelius, Carin Cederström, Karl Erik Flens, Dagmar Olsson
Distribuidora do DVD: Versátil Home Vídeo
Avaliação: 6/10

Visto em DVD em 4-JAN-2012, Quarta-feira

Crise é o primeiro filme do mestre Ingmar Bergman. Com experiência prévia em roteiros e no teatro, em sua estreia no cinema o cineasta sueco se dedica a uma vertente que marcaria toda a sua carreira: a análise dos relacionamentos humanos sob várias óticas. Aqui podem ser vislumbrados temas como velhice, paixão, indiferença e morte. A narração que inicia e encerra o filme apresenta os personagens principais e dá uma conclusão clara ao desenlace da história, no que é provavelmente o ponto de maior dissonância entre este trabalho e as obras mais conhecidas do diretor. Nelly (Inga Landgré) acaba de completar 18 anos, e sua mãe adotiva (Dagny Lind) está tensa porque a mãe verdadeira da moça (Marianne Löfgren) acaba de chegar para levá-la consigo para a cidade grande. Superficial e sonhadora como todas as moças de sua idade, Nelly rejeita os galanteios de um homem mais velho (Allan Bohlin) enquanto se deixa envolver por um galanteador larápio (Stig Olin) que tem ao mesmo tempo um relacionamento nada convencional com sua mãe verdadeira. Apesar do esmero técnico bergmaniano que já aparece em várias momentos, como nos longos diálogos sem cortes, Crise tem um estilo narrativo que remete a folhetim de novela mexicana, e peca por um excesso de sutilezas ao abordar o lado negro de seus personagens (tudo é subentendido da forma mais velada possível). Motivos podem ser a origem teatral da história ou mesmo o fato deste ser o primeiro filme do diretor, que somente mais tarde seria capaz de desnudar seus personagens com a crueza que faz falta em Crise. Outra característica marcante do filme é o modo como ele muda o foco em relação aos personagens, sem definir um protagonista e alterando constantemente a percepção da plateia em relação a eles. Nelly e o galanteador, por exemplo, possuem arcos diametralmente opostos, enquanto a mãe adotiva tem o mais abrangente alcance dramático.

Na seção de extras há uma biografia de Ingmar Bergman e uma extensa coleção de trailers de seus filmes: Vergonha, A Paixão de Ana, O Ovo da Serpente, A Hora do Lobo, Através de um Espelho, Luz de Inverno, O Silêncio, O Sétimo Selo, Persona e Sonata de Outono.