Cinema

O Guia do Mochileiro das Galáxias

O Guia do Mochileiro das Galáxias
Título original: The Hitchhiker's Guide to the Galaxy
Ano: 2005
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 109 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Garth Jennings (O Filho de Rambow, Sing - Quem Canta Seus Males Espanta, Sing 2)
Trilha Sonora: Joby Talbot (A Liga dos Cavalheiros do Apocalipse, Penélope, A Bola da Vez)
Elenco: Martin Freeman, Mos Def, Zooey Deschanel, Sam Rockwell, John Malkovich, Bill Nighy, Warwick Davis, Alan Rickman, Helen Mirren, Stephen Fry, Thomas Lennon, Kelly Macdonald
Avaliação: 6

Há mais de 20 anos O Guia do Mochileiro das Galáxias ameaçava ser levado às telas de cinema. Gente como Ivan Reitman, Jay Roach e Spike Jonze estiveram em algum momento associados ao projeto, que tinha a intenção de dar vida à obra do escritor Douglas Adams. Adams morreu sem ver sua criação ganhar vida no cinema, mas isso não significa que ela não tenha atingido o público através de outros meios de entretenimento como séries de televisão e rádio (o berço de todo o universo de Adams), jogos de computador, teatro e quadrinhos. Talvez seja exatamente por isso que um dos melhores personagens do filme, o andróide depressivo Marvin, soe tão familiar às novas platéias.

Mais um filme que causa estranheza aos neófitos, este aqui tem a pretensão de fazer comédia dentro da mais pura ficção científica. Convenhamos, foram poucos os filmes que realmente conseguiram fazer alguma graça com o gênero e, quando isso acontece, geralmente trata-se de uma paródia, como o recente Heróis Fora de Órbita (Dean Parisot, 1999). O universo de O Mochileiro tem um pé inicial em nossa realidade, mas é único em sua concepção maluca e certamente não é para todos os gostos. Trata-se de uma bobagem rasteira, mas com alguns bons momentos no meio do caminho.

O tal 'guia' é um livro de publicação intergaláctica para o qual o caronista espacial Ford (Mos Def) escreve, como uma espécie de jornalista a serviço do turismo entre planetas. Coincidentemente, Ford é o melhor amigo do inglês Arthur Dent (Martin Freeman), sendo ele quem lhe revela que, assim como sua casa, todo o planeta Terra está prestes a ser destruído em alguns minutos, e justo quando ele acabara de conhecer e levar um fora da garota dos seus sonhos (Zooey Deschanel). Ford retribui um favor antigo a Arthur e salva-o antes da destruição do planeta, levando-o consigo numa jornada maluca comandada pelo presidente (?) desmiolado da Galáxia Zaphod Beeblebrox (Sam Rockwell, em papel que estava planejado para Jim Carrey). A viagem que os caronistas encaram é dificultada principalmente pela presença dos Vogons, alienígenas burros e desengonçados com cara de morcego e corpo de Bob Esponja.

'Hein? Como assim????'... É, é isso mesmo, a loucura é daí pra cima. Imaginem como é ser pego numa sessão do filme, sem saber nada sobre seu conteúdo, seus personagens ou o surrealismo inerente a todo o universo de Adams. Impassível não dá para ficar, o que com certeza era uma das intenções dos criadores. Mas também não é para tanto. Há um grupo seleto de coadjuvantes de renome, como John Malkovich e Bill Nighy. Helen Mirren e Alan Rickman emprestam as vozes a duas crias tecnológicas que roubam a cena de todo o elenco vivo. Principalmente Rickman como o bonitinho e auto-depreciativo andróide Marvin, incorporado pelo baixote mais famoso de Hollywood, Warwick Davis. Como protagonista, o relativamente desconhecido Martin Freeman não tem relevância alguma, sendo completamente eclipsado por todo mundo com quem contracena.

As piadas e as gags visuais não são espetaculares, mas provocam umas risadas aqui e ali. As palhaçadas vão de menções a toalhas, ratazanas e mata-moscas até uma impressionante fábrica de planetas, entre outros absurdos que, de tão bizarros, podem acabar não tendo graça alguma. Os efeitos especiais, por sua vez, não decepcionam nem um pouco, chegando a se mostrar impressionantes durante a seqüência em que Slartibartfast (Bill Nighy) mostra a um embasbacado Arthur Dent como são criados os planetas, praticamente no primeiro momento em que o personagem tem um indício de deslumbramento positivo após a destruição da Terra. Talvez o destino do filme seja mais ou menos esse. Ou seja, não vai ser agora que O Guia do Mochileiro receberá as honras de uma grande obra, muito embora o filme tenha alta probabilidade de se tornar cult com o passar do tempo.

Texto postado por Kollision em 14/Junho/2005