Cinema

Intrigas

Intrigas
Título original: Gossip
Ano: 2000
País: Estados Unidos
Duração: 90 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Davis Guggenheim
Trilha Sonora: Graeme Revell (Pior é Possível, Profissão de Risco, Freddy Vs. Jason)
Elenco: James Marsden, Lena Headey, Norman Reedus, Kate Hudson, Eric Bogosian, Edward James Olmos, Joshua Jackson, Sharon Lawrence, Marisa Coughlan, Kwok-Wing Leung
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 7

Dentro da safra de suspenses adolescentes que proliferaram após o sucesso de Pânico (Wes Craven, 1996), Intrigas pode até ser considerado bastante original. Comandado por um cineasta de carreira predominantemente televisiva, o filme reúne um grupo de atores jovens e emergentes que estavam em evidência na virada do século e, exatamente por isso, tinham muito o que provar em cena. A história tem aquela velha característica de "bola de neve" – um problema criado pelos próprios protagonistas, que adquire proporções cada vez maiores e catastróficas – conduzindo todos a um desfecho-surpresa de razoável eficiência.

O estudante de jornalismo Derrick (James Marsden) divide o apartamento com os colegas Travis (Norman Reedus) e Cathy (Lena Headey). Carismático e dominador, Derrick está para cruzar a linha do "somente amigos" com Cathy, enquanto tenta ajudar o retraído Travis a arranjar uma garota. Entediados e dispostos a realizar algo diferente para um trabalho da faculdade, eles decidem espalhar um boato maldoso sobre um casal de colegas (Kate Hudson e Joshua Jackson) durante uma festa, com o objetivo de analisar os resultados de tal proeza. As conseqüências de seus atos, no entanto, evoluem para um emaranhado de acusações sérias que provocam prisões, brigas e, eventualmente, morte.

Apesar da cara de pastiche que este filme tem (a começar pela capa do DVD, por exemplo), é preciso fazer justiça ao trabalho de Guggenheim, que tenta pelo menos sair um pouco dos moldes tão batidos dos thrillers adolescentes feitos nos últimos anos. O roteiro não faz feio ao misturar o conceito da popularidade dentro do meio juvenil e a idéia de fofoca (a tradução literal do título original do filme) propriamente dita, coisa que é realmente capaz de provocar o tipo de conflito sobre o qual o filme se suporta. O modo como é retratada a ambigüidade comportamental dos personagens convence, plantando dúvidas na platéia nos momentos certos e construindo um clima de tensão que conduz a um final bacaninha, que rechaça a trivialidade que ameaçava destruir a história, consegue tirar o filme do lugar-comum e dá uma nova dimensão à noção de que já estivemos ou podemos mesmo estar cercados de psicopatas adormecidos, sem nem ao menos nos darmos conta disso.

Talvez tirando Kate Hudson, estranhamente insossa num papel ao qual ela deveria talvez ter se lançado com mais volúpia, o restante do elenco jovem faz um trabalho decente. Em papéis diametralmente opostos, James Marsden e Norman Reedus sustentam a história, enquanto Lena Headey incorpora a voz da razão diante do abacaxi que eles mesmos cultivaram. Eles garantem uma sessão de rasteira e descompromissada diversão. Sem ferir a inteligência do espectador, o que já é uma grande vantagem.

Os extras do DVD consistem de uma faixa de comentários do diretor Davis Guggenheim e do ator James Marsden, 11 minutos de cenas excluídas, um final alternativo, a coletânea de entrevistas feitas pelo personagem de Norman Reedus e uma montagem com os videoclipes de Our Lips Are Sealed do Poe e Mean to Me do Tonic, além de partes da seqüência de montage que retrata a propagação das fofocas do filme.

Texto postado por Kollision em 19/Julho/2006