Cinema

O Rapto do Menino Dourado

O Rapto do Menino Dourado
Título original: The Golden Child
Ano: 1986
País: Estados Unidos
Duração: 94 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Michael Ritchie (Uma Alucinante Viagem, Fletch Vive, O Golpe Perfeito)
Trilha Sonora: Michel Colombier (Fuga do Inferno, Ensina-me a Querer, Loverboy - O Garoto de Programa)
Elenco: Eddie Murphy, Charles Dance, Charlotte Lewis, J.L. Reate, Victor Wong, Randall 'Tex' Cobb, James Hong, Shakti, Tau Logo, Tiger Chung Lee, Pons Maar, Peter Kwong
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação: 6

Capitalizar em cima do sucesso estrondoso do imbatível Um Tira da Pesada (Martin Brest, 1984) era provavelmente o mote da época relacionado ao astro em ascensão Eddie Murphy. Um dos projetos de "escada" foi exatamente este, uma aventura sem pé nem cabeça que parece transpor o detetive Axel Foley, o tira abusado que aterrorizou Beverly Hills, para uma realidade tão urbana quanto mística, numa salada que por incrível que pareça rendeu muito bem nas bilheterias.

Aqui Murphy é Chandler Jarrell, uma espécie de agente social de Los Angeles cuja tarefa é encontrar crianças desaparecidas. Sabe-se lá por que cargas d'água, certo dia uma bela morena (Charlotte Lewis) procura-o com uma história maluca sobre uma profecia e pede que ele assuma a tarefa de encontrar o tal menino dourado (J.L. Reate), o salvador que a cada mil anos nasce para trazer a paz ao mundo. O problema é que o guri foi raptado no Nepal e levado a Los Angeles pelo maligno Sardo Numspa (Charles Dance), um tipo de demônio em corpo humano que deseja matar o moleque, mas para isso precisa corrompê-lo com o mal absoluto e blá-blá-blá... Sim, é mais ou menos por aí.

O Rapto do Menino Dourado tem uma qualidade que nem todos os filmes descartáveis têm: um protagonista que é um ímã quanto está em cena. A produção pode ser equivocada, a história pode ser estapafúrdia, a caracterização de personagens pode ser bisonha, mas dificilmente alguém consegue tirar os olhos da TV depois que começa a assistir ao filme. Trata-se de um pequeno clássico da Sessão da Tarde, cara do cinema pipoca dos anos 80 e veículo rasteiro para o exercício de humor histriônico de Eddie Murphy. Tudo bem, ele está mais contido aqui, mas muito do Axel Foley é descaradamente copiado e incorporado por seu novo personagem. A grande sacada é que há momentos engraçadíssimos que se destacam do todo como um farol na escuridão, como a cena do cara que "corta-se ao se barbear e sangra até morrer" ou a do "E-e-e-eu quero a facaaaa... por favor...".

Não há roteiro que se possa levar a sério e credibilidade não é o forte do filme, mas deboche é a ordem da casa. O modo austero como Charles Dance personifica o vilão provoca um contraste absurdo em relação ao deboche de Murphy. O que, por incrível que pareça, rende momentos antológicos quando os dois estão juntos. Os efeitos especiais restringem um pouco o dinamismo de certas cenas, apesar de serem apropriados ao estilo da produção. O mais legal é que todo o aspecto descartável do filme é de dar medo, mas dá para se perder uma hora e meia com ele sem receio de danos ao cérebro.

O único extra presente na edição em DVD do filme é o trailer de cinema.

Texto postado por Kollision em 17/Novembro/2005