Cinema

The Eye - A Herança

The Eye - A Herança
Título original: Gin Gwai
Ano: 2002
País: Cingapura, Hong Kong, Inglaterra
Duração: 95 min.
Gênero: Terror
Diretor: Oxide Pang Chun (No Limite da Realidade [2003]), Danny Pang (Visões, Visões 2 - A Vingança dos Fantasmas)
Trilha Sonora: Orange Music
Elenco: Angelica Lee (a.k.a. Lee Sin-je), Lawrence Chou, Chutcha Rujinanon, Yut Lai So, Candy Lo, Yin Ping Ko, Pierre Png, Edmund Chen, Wai-Ho Yung, Wilson Yip
Distribuidora do DVD: LK-Tel Video
Avaliação: 7

Bastante comparado com o insuperável O Sexto Sentido (1999), este conto de fantasmas que chacoalhou o cinema asiático em 2002 não chega a atingir o mesmo status do filme de M. Night Shyamalan, mas tem lá seus méritos. A produção não é suntuosa, mas faz um uso decente dos efeitos especiais e traz bons sustos dentro do pacote de fenômenos sobrenaturais, mistério espírita e romance açucarado.

A protagonista da história é a adolescente Mun (Angelica Lee), cega desde os dois anos de idade e paciente de um transplante de córneas que está prestes a devolver-lhe a visão. Ainda nos primeiros dias em que pode abrir os olhos, enquanto está se acostumando à claridade, Mun começa a notar silhuetas estranhas e embaçadas no ambiente do hospital. Ainda sem muitas referências de um mundo sensorial completamente novo para ela, a moça demora um pouco para perceber que nem todas as pessoas que ela enxerga estão de fato vivas. Geralmente elas aparecem acompanhadas de um homem alto e vestido de preto, e depois nunca mais são vistas. Cada vez mais isolada e imersa numa realidade desesperadora, a única pessoa em quem ela pode confiar é seu descrente oftalmologista (Lawrence Chou).

No geral, The Eye mostra-se um horror razoavelmente digno dos sustos que aplica, embora haja uma série de problemas relacionados ao ritmo do filme e a algumas mudanças de tom aplicadas ao longo da narrativa. Algumas seqüências de pesadelo e outras de montage exageram um pouco na dose e na edição repetitiva, mas o aspecto mais controverso de todos é a insinuação de romantismo que impregna boa parte da segunda metade do filme, que infelizmente acaba diluindo muito do clima de tensão criado até então. Há pelo menos uma boa reviravolta na história, que marca exatamente essa mudança de tom que quase põe tudo a perder. Diz-se que a representação das almas penadas e da figura da morte espelham os mitos da crença chinesa, o que conta como ponto a favor dos diretores gêmeos, conhecidos entre os fãs do horror simplesmente como os irmãos Pang.

Angelica Lee faz a película valer a pena com sua performance, ao contrário do doutor que se aventura em ajudá-la a resolver o mistério das visões macabras. Graças às inúmeras variações deste tipo de roteiro surgidas nos últimos anos, é preciso reconhecer que sua estrutura já soa um pouco batida, compartilhando com muitos outros filmes do mesmo estilo a sensação de que já vimos a história em algum outro lugar. O fato é que boas histórias de fantasmas são sempre bem-vindas, principalmente quando são feitas pelo cinema oriental, cuja cultura singular de sua sociedade quase sempre fornece um ótimo pano de fundo para filmes do tipo. Mesmo quando eles não primam por um roteiro impecável ou por uma direção perfeita, como é o caso desta obra em particular.

A continuação do filme recebeu o título em português de Visões.

Há apenas trailers na seção de extras do DVD. Além do trailer de The Eye, há também o material de divulgação de Mar Aberto, The Cooler - Quebrando a Banca, Crime Sem Memória, Olhos da Morte, Jogos Mortais, O Filho de Chucky, Nas Nuvens e do documentário Glauber - O Filme, Labirinto do Brasil.

Texto postado por Kollision em 31/Maio/2006