Cinema

As Loucuras de Dick & Jane

As Loucuras de Dick & Jane
Título original: Fun with Dick and Jane
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 90 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Dean Parisot (RED 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos)
Trilha Sonora: Theodore Shapiro (O Diabo Veste Prada,  Dois é Bom, Três é Demais,  Idiocracia)
Elenco: Jim Carrey, Téa Leoni, Alec Baldwin, Richard Jenkins, Gloria Garayua, Clint Howard, Walter Addison, John Michael Higgins, Garrett M. Brown, Peter Conklin, Angie Harmon
Avaliação: 6

Dick (Jim Carrey) é um executivo falador, extrovertido, honesto e bem-sucedido na companhia em que trabalha, a Globodyne. Certo dia, ele é convocado pelo presidente da empresa (Alec Baldwin) e seu CFO (Richard Jenkins) para assumir um novo e importante posto. Após ser colocado numa arapuca, perder o emprego e ver a empresa ir para as cucuias num escândalo financeiro sem precedentes, ele e a esposa Jane (Téa Leoni), que acabara de pedir demissão a pedido de Dick, se vêm cada vez mais afundados em dívidas. A ironia é que, já no fundo do poço, os dois acabam descobrindo que levam jeito para a vida de assaltantes, prática que pode ou não levá-los de volta à boa vida que sempre tiveram.

Esta é uma refilmagem de uma obra da década de 70 à qual ainda não assisti, que tinha como duo principal George Segal e a beldade Jane Fonda. No comando desta nova versão está Dean Parisot, cuja maior realização talvez seja a ótima comédia-sátira Heróis Fora de Órbita (1999). Numa espécie de encarnação light de Bonnie & Clyde, o reaproveitamento da inspiração original encontra uma muleta genial no mundo corporativo americano, reciclando fatos históricos durante todo o filme e chutando o balde de vez logo no começo dos créditos finais, numa (anti-)homenagem explícita à finada Enron e a outras gigantes que seguiram seu rastro de meteórica decadência.

A farra é distribuída em basicamente três atos: a rápida ascensão de Dick a um posto de vice-presidente, sua derrocada/miséria cômica e a eventual volta por cima. Sem dúvida alguma os melhores são os dois primeiros, que é exatamente onde os exageros se adequam à proposta do filme sem ferirem demais o bom senso. As famosas caras e bocas de Jim Carrey tomam conta de algumas das passagens cômicas, quer seus detratores queiram ou não, mas não a tal ponto de tornar a película em mais um veículo exclusivo de sua persona. Téa Leoni corresponde à altura, e talvez a cena pela qual ela mais será lembrada é a hilariante seqüência em que a moça tem o rosto deformado após testar um produto de beleza com terríveis efeitos colaterais.

Outro fator que chama atenção é que todas as cenas que envolvem violência seguem um aspecto bastante cartunesco, que infantiliza os assaltos à mão armada de Dick e Jane e conferem ao longa exatamente o que seu título original evoca (diversão = fun). A dupla parece nunca se importar com o lado ruim das coisas, e dá a entender que está mesmo sempre se divertindo.

A infelicidade da história é que ela entra num inevitável beco sem saída após desfilar um punhado de exageros fáceis e então exigir do espectador um pouco mais de atenção e confiança numa situação pra lá de inverossímil. O filme perde a força quase que por completo e patina num confuso ponto morto até o final, cujo único aspecto positivo é uma gag fenomenal que infelizmente somente aqueles envolvidos na esfera dos negócios corporativos serão capazes de entender por completo.

Texto postado por Kollision em 26/Janeiro/2006