Cinema

Tudo em Família

Tudo em Família
Título original: The Family Stone
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 102 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Thomas Bezucha
Trilha Sonora: Michael Giacchino (Missão Comédia, Missão Impossível 3, Ratatouille)
Elenco: Sarah Jessica Parker, Dermot Mulroney, Luke Wilson, Rachel McAdams, Diane Keaton, Craig T. Nelson, Claire Danes, Tyrone Giordano, Brian J. White, Elizabeth Reaser, Paul Schneider, Savannah Stehlin
Avaliação: 6

Personagens em profusão, encontros e desencontros, antagonismos e alianças, patriarcas, matriarcas, futuras gerações e novas adições de tempos em tempos. Eis algumas coisas básicas em se tratando de filmes sobre reuniões e dramas familiares. Que alternativas tem uma história como essa para fugir do clichê e das milhares de abordagens já realizadas sobre o tema? Isso não importa muito, para falar a verdade, desde que a história seja boa, e seja contada com sinceridade e competência. Esse é o caso deste segundo trabalho do diretor Thomas Bezucha, que também escreveu sozinho o roteiro de Tudo em Família e transformou-o de quebra numa história de Natal.

A maior mudança na rotina da família Stone para o Natal do dia seguinte é a chegada do filho mais velho Everett (Dermot Mulroney) e sua nova namorada Meredith (Sarah Jessica Parker). Após um tenebroso contato prévio com a insuportável cunhadinha Amy (Rachel McAdams), Meredith chega à casa dos Stone numa pilha de nervos, o que com certeza piora a recepção fria que todos lhe dão, desde os pais (Diane Keaton e Craig T. Nelson) até os demais cunhados, com exceção do solícito e atencioso Ben (Luke Wilson). A coisa fica tão feia que ela decide chamar a irmã Julie (Claire Danes) para ajudá-la na adaptação. O que, claro, só faz a situação ficar ainda mais fora de controle.

É preciso admitir, Bezucha tem o toque necessário para lidar com múltiplos personagens sem atropelar introduções ou forçá-los goela abaixo no espectador. Boa parte desta sensação vem da identificação quase imediata com a pobre coitada feita por Sarah Jessica Parker, que se torna o pior centro das atenções possível e encarna uma situação pela qual todos já passaram, pelo menos uma vez na vida. Isso quase chega a eclipsar a indiferença exagerada dos anfitriões à sua presença na casa, mas o humor que aflora da sucessão de gafes da moça é genuíno. Há um punhado de boas gargalhadas no meio do caminho, mesmo após ela soltar os cabelos e começar a deixar para trás a carranca de tensão.

O que mais pesa negativamente no drama de Meredith é a previsibilidade que se esboça na história logo no primeiro trecho do filme. Dá para perceber de longe o que vai acontecer (principalmente para quem vislumbrou o trailer), quem vai ficar com quem e como a história provavelmente terminará. Vale a pena então ficar até o fim da jornada? Eu diria que sim, muito influenciado pelas boas interpretações do elenco, em particular de Dermot Mulroney como o filho que ainda não se encontrou na vida e Claire Danes, que em seus últimos trabalhos tem se revelado uma bela mulher e, acima de tudo, uma atriz com talento e classe. Sarah Jessica Parker não tem muito para onde direcionar sua interpretação além do papel algo ingrato que lhe foi imposto.

O filme vale uma espiada. Pelo humor, pelo drama, pela sutileza e pela certa inocência com que as nuances mais picantes ou escandalosas da história são conduzidas.

Texto postado por Kollision em 22/Janeiro/2006