Cinema

Uma Noite Alucinante

Uma Noite Alucinante
Título original: Evil Dead II
Ano: 1987
País: Estados Unidos
Duração: 81 min.
Gênero: Terror
Diretor: Sam Raimi (Darkman - Vingança Sem Rosto, Uma Noite Alucinante 3, Rápida e Mortal)
Trilha Sonora: Joseph LoDuca (Morrendo de Amor, Necronomicon - O Livro Proibido dos Mortos)
Elenco: Bruce Campbell, Sarah Berry, Dan Hicks, Kassie Wesley, Denise Bixler, Lou Hancock, Ted Raimi, Richard Domeier, John Peakes, Snowy Winters
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 7

Uma Noite Alucinante é um dos mais influentes filmes de terror feitos no final do século XX, com todo o direito e com toda a pompa atribuídos ao seu diretor. Foi a pedra filosofal do que muitos passaram a definir como "terrir", uma designação que ainda hoje costuma aparecer em textos amadores e profissionais do meio cinematográfico. A história é um retrabalho do que foi mostrado no seminal e melhor A Morte do Demônio (a.k.a. Uma Noite Alucinante - Parte 1), com valores de produção mais robustos e um orçamento mais polpudo para as seqüências envolvendo efeitos especiais. E apesar disso, como é possível notar já quase 20 anos após o seu lançamento original, o filme cai na mesma categoria das seqüências inferiores ao original.

Em boa parte devido ao uso dos efeitos especiais, que ainda bebiam em sua maioria da fonte clássica da técnica stop motion, é inegável que a obra de Sam Raimi envelheceu, mesmo com uma dose generosa de gore e seqüências de puro virtuosismo técnico em meio aos desmembramentos e banhos de sangue vermelho, verde e azul (!) que preenchem a tela. O que é intrigante, visto que sua primeira parte não perdeu absolutamente nada de seu impacto. E nem mesmo dá para chamar Uma Noite Alucinante de continuação, o negócio trata-se mesmo de uma refilmagem. Alguns apontam mil e uma desculpas para defenderem a idéia de que a seqüência de abertura do filme é uma recapitulação do longa anterior – o que é absurdo tanto pela mudança do número de coadjuvantes quanto pela ambientação extremamente cômica. Independente de qualquer coisa, o mais incrível é que cada trabalho pode ser apreciado sem qualquer confusão ou sensação de repetitividade.

Dessa vez, o mala sem alça chamado Ash (Bruce Campbell) consegue arrastar a namorada Linda (Denise Bixler) para uma cabana isolada na floresta. Quando eles resolvem ouvir uma gravação de um equipamento esquecido no local, forças demoníacas são liberadas, a moça é transformada num zumbi e Ash se vê às voltas com possessão demoníaca e desmembramentos do próprio corpo. A chegada da filha do pesquisador que lá vivia (Sarah Berry) e de seus acompanhantes parece que vai reforçar a luta de Ash contra a horda do mal, mas muito sangue e tripas ainda será derramado até que ele consiga sobrepujar a ameaça liberada em nosso mundo.

A repetição de praticamente a mesma história é o que faz do filme uma continuação um tanto desnecessária mas que, na época de seu lançamento, foi crucial para tirar definitivamente o nome de Sam Raimi do ostracismo. O charme da produção sustenta-se nos exageros cômicos, cujos exemplos mais marcantes são a mão possuída e posteriormente serrada e a moça histérica que engole um olho humano, sem contar o final alucinado e fora dos eixos, que soa como uma homenagem-cópia à série Mad Max e sinaliza uma seqüência ainda mais ambiciosa. Em meio a mais referências há alguns erros gritantes de continuidade dos quais, obviamente neste tipo de filme, não se pode exigir o devido crédito. Um ponto positivo que chama a atenção, contudo, é o ótimo tema da trilha sonora que só aparece no clímax da história, que no passado foi usado à exaustão em propagandas de filmes de terror na TV.

A edição em DVD lançada pela Universal é simplesmente uma vergonha. Pior que o fato do disco não trazer um extra sequer, o serviço de tradução na legendagem em português é uma das coisas mais bisonhas já feitas no mercado nacional de DVDs, extremamente cheia de erros. Realmente uma mancada.

Revisto em DVD em 12-DEZ-2006, Terça-feira - Texto postado por Kollision em 17-DEZ-2006