Cinema

Adrenalina

Adrenalina
Título original: Crank
Ano: 2006
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 87 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Mark Neveldine e Brian Taylor (Adrenalina 2 - Alta Voltagem, Gamer)
Trilha Sonora: Paul Haslinger (Turistas, Temos Vagas, Mandando Bala)
Elenco: Jason Statham, Amy Smart, Jose Pablo Cantillo, Efren Ramirez, Dwight Yoakam, Carlos Sanz, Reno Wilson, Edi Gathegi, Glenn Howerton, Jay Xcala, Keone Young, Valarie Rae Miller, Yousuf Azami, Laurent Schwaar, David Brown, Chester Bennington
Avaliação: 3

É incontável o número de filmes que sucumbem ante sua própria pretensão. Como este Adrenalina, por exemplo. Pode ser que, no clima certo, no estado de espírito correto – que traduz-se neste caso como percepção alterada por narcóticos ou bebedeira exagerada – a experiência de se assistir a este trabalho de estréia de seu duo de diretores seja divertida sem incorrer numa dúbia e às vezes óbvia ofensa à inteligência do espectador. E as passagens constrangedoras que Amy Smart protagoniza, por exemplo, sejam amenizadas pela noção de que tudo não passou mesmo de uma experiência. Bem malfadada, diga-se de passagem.

O matador Chev Chelios (Jason Statham) acorda com dor de cabeça e tonto, e a primeira coisa que vê pela frente é uma gravação de um desafeto (Jose Pablo Cantillo) que afirma tê-lo envenenado com um coquetel poderosíssimo que o matará dentro de uma hora. Furioso, Chelios sai em disparada à procura do algoz e descobre, por intermédio de seu médico (Dwight Yoakam), que pode retardar o efeito da droga ao se manter em constante movimento e com um elevado nível de adrenalina no corpo. Segue-se então uma perseguição maluca, enquanto Chelios procura por pistas daquele que o ferrou e ao mesmo tempo dá os seus pulos para proteger a namorada cabeça de vento (Amy Smart) da mira de seus inimigos.

Uma impressão que tive durante a sessão, mais tarde confirmada ao ler algumas opiniões na Internet sobre o filme, é que ele representa uma espécie de adaptação para a tela grande das incorreções sociais que são o mote da série de jogos Grand Theft Auto. Fica mais do que óbvio que os diretores pretendem criar uma nova estética de filme de ação com seu ritmo frenético e nervoso, movimentações de câmera engraçadinhas, edição cheia de truques e uma quase completa ausência de pausas entre uma explosão cinética e outra. Os caras bebem de várias fontes, mas principalmente de Quentin Tarantino. A ambientação de vídeo-game com videoclipe pode casar com o nível rasteiro de coesão narrativa, mas não sustenta o filme como um todo, pois este se revela tão vazio quanto acelarado, com um protagonista que trilha uma jornada efêmera e meio sem sentido.

Jason Statham parece estar herdando o manto que pertenceu, durante um bom tempo, a Steven Seagal: o do rei dos filmes de ação de segunda categoria. Apesar de ter flertado com diretores de renome, é somente em coisas como Adrenalina que ele tem encontrado espaço como protagonista. Chev Chelios foi feito sob medida para o ator, e não é exagero dizer que o pouco de credibilidade que o filme possa sustentar deve-se ao seu "sacrifício" diante das câmeras. Já Amy Smart não tem perdão. Junto com Statham, ela protagoniza uma das cenas mais constrangedoras do recente cinema de ação. Diz o Imdb que seus soluços na cena do restaurante são reais. Ironicamente, trata-se do ponto mais baixo do desempenho da moça, que poderia ter passado sem essa em seu currículo.

Se a piada com o motorista de táxi e a Al Qaeda não render pelo menos algumas risadas involuntárias, vocês podem desistir de ver o resto do filme, que ainda traz um clone de Cuba Gooding Jr. no papel do bandido e não muito mais que um material do mesmo naipe durante o restante do tempo de projeção.

Visto no cinema em 18-FEV, Domingo, sala Moviecom 2 do Rondon Plaza Shopping - Texto postado por Kollision em 23-FEV-2007