Cinema

Fúria de Titãs [1981]

Fúria de Titãs
Título original: Clash of the Titans
Ano: 1981
País: Inglaterra
Duração: 118 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Desmond Davis
Trilha Sonora: Laurence Rosenthal
Elenco: Harry Hamlin, Judi Bowker, Burgess Meredith, Laurence Olivier, Maggie Smith, Ursula Andress, Claire Bloom, Susan Fleetwood, Jack Gwillim, Siân Phillips, Neil McCarthy, Pat Roach, Donald Houston, Vida Taylor, Flora Robson, Anna Manahan, Freda Jackson, Tim Pigott-Smith, Harry Jones
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 4

A técnica de animação e efeitos especiais em stop-motion sobreviveu bravamente ao longo de quase todo o século vinte, desde o clássico King Kong, de 1933, até alguns filmes feitos no ocaso da década de 70, dos quais Fúria de Titãs é o exemplo mais proeminente. Hoje reconhecido por sua importância histórica, o filme que conta a história de Perseu sustenta-se exclusivamente nestes efeitos para encantar a platéia, o que infelizmente não chega a ser suficiente.

Quando o vingativo rei Acrisius de Argos deserda a filha e o neto recém-nascido Perseu, a ira de Zeus (Laurence Olivier) é despertada em toda a sua fúria. O bebê é, afinal, seu filho. Graças à sua interferência, Perseu e sua mãe são salvos, e as terras de Argos completamente destruídas pelo titã marinho Kraken. Tomada de inveja pela negligência de Zeus em relação ao seu filho humano Calibos, a deusa Thétis (Maggie Smith) retira Perseu (Harry Hamlin) de seu lar e joga-o nas terras longínquas de Jopa, onde ele acaba conhecendo a bela princesa Andrômeda (Judi Bowker), combate o deformado Calibos e é forçado a se lançar numa jornada dificílima para combater a maldição jogada por Thétis sobre sua amada, que deverá ser oferecida em sacrifício ao titã Kraken dentro de um mês.

A grandiloqüência dos deuses do Olimpo e sua interferência constante nos assuntos dos mortais norteia todo o filme, que não é lá muito coerente e carece de um ritmo mais cadenciado. Adaptar a mitologia grega não é tarefa fácil, mas é difícil deixar de relevar algumas passagens forçadas, como o fato de Perseu ser retirado de seu lar e sua mãe nem sequer dar as caras pelo resto do filme. A produção, pelo menos, demonstra algum capricho nos cenários, mas nada de mirabolante. Os sets do Olimpo, o lar dos deuses, lembram muito o design apresentado alguns anos antes na fortaleza de Krypton em Superman, e até mesmo a música de Laurence Rosenthal parece emular um pouco o trabalho mais romântico de John Williams no filme citado.

É visível o contraste entre o veterano elenco britânico, que inclui ainda Ursula Andress e Claire Bloom, em relação aos protagonistas principais da história, em especial Harry Hamlin. Faltou carisma ao rapaz, que simplesmente não consegue transmitir a aura de heroísmo que se esperaria de uma figura mitológica tão importante quanto Perseu. Judi Bowker, linda e meiga como a estonteante Andrômeda, até que não atrapalha. O único momento em que o par central brilha de fato é quando Perseu apresenta-se à corte de Jopa para conquistar o direito de ter Andrômeda para si. Ainda bem que entre os humanos está o excelente Burgess Meredith, em papel infundado e completamente descartável. Dito isso, o atrativo principal de Fúria de Titãs ainda é o trabalho de Ray Harryhausen nos efeitos especiais, um testamento indelével de uma técnica que encantou gerações por anos. Mesmo que muitas cenas sejam grotescas para os padrões atuais, há várias passagens interessantes, onde o método de Harryhausen casa com perfeição com a atmosfera mitológica do filme. Um exemplo é a Medusa, a criação mais assustadora da película.

Há um featurette de 12 minutos com Ray Harryhausen falando sobre os efeitos especiais do filme, assim como várias apresentações rápidas sobre os monstros míticos que dão as caras na história. Completa a seção de extras o trailer original de cinema.

Texto postado por Kollision em 18/Janeiro/2005