Cinema

Procura-se Amy

Procura-se Amy
Título original: Chasing Amy
Ano: 1997
País: Estados Unidos
Duração: 113 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Kevin Smith (Pagando Bem, Que Mal Tem?,   Tiras em Apuros,   Seita Mortal)
Trilha Sonora: David Pirner
Elenco: Ben Affleck, Joey Lauren Adams, Jason Lee, Dwight Ewell, Carmen Lee, Scott Mosier, Ethan Suplee, Casey Affleck, Brian O'Halloran, Matt Damon, John Willyung, Jason Mewes, Kevin Smith, Kristin Mosier
Distribuidora do DVD: Europa Filmes
Avaliação: 8

Meio polivalente, Kevin Smith é, além de diretor, também roteirista e escritor de HQs, para quem não sabe. O cara é o mais pop de todos os novos diretores da década de 90 quase unamimemente considerados talentosos. Procura-se Amy é uma prova dessa afirmação. Apesar de ter vários momentos engraçados, o filme não pode ser simplesmente enquadrado como comédia. A linguagem afiada e os diálogos carregados de conotações sexuais do dia-a-dia aparecem como recheio de um romance não convencional, cuja coesão varia bastante durante toda a película. Mais ou menos como as situações na vida real, daí o porquê do filme funcionar. Decididamente não com todos os tipos de platéia, mas funciona.

Smith usa as HQs, uma de suas paixões, como pano de fundo para o relacionamento entre o desenhista/escritor Holden (Ben Affleck) com a também escritora de quadrinhos Alyssa (Joey Lauren Adams). Os dois se encontram numa das inúmeras convenções do meio, coalhada de fãs estereotipados e apregoada por referências bacanas a esse universo. O que o rapaz apaixonado nem imagina, e vem a descobrir de forma bastante constrangedora, é que a bela moça é lésbica. Mesmo bombardeado pelos protestos de seu melhor amigo e parceiro ilustrador Banky (Jason Lee), Holden não resiste em dar vazão ao seu desejo pela moça, tentando conquistá-la apesar da subversão quase intransponível das regras sexuais em seu relacionamento com Alyssa. Até mesmo Jay e Silent Bob (Jason Mewes e o próprio diretor Smith), recorrentes de vários outros filmes do cineasta, fazem uma aparição especial para ajudar o perdido Holden.

O que ajudou a pavimentar a carreira de Smith como um diretor antenado com a cultura jovem atual é a linguagem franca com que os dilemas e situações corriqueiros da situação do protagonista Holden são retratados. Nem a voz a princípio esganiçada de Joey Lauren Adams estraga a sensação de fascínio que ele sente por ela (e a platéia generosamente compartilha), numa história que poderia até ter sido um pouco mais curta. A moça vira as vidas dos dois amigos de pernas para o ar sem nem mesmo fazer força, apenas por ser como é. Kevin Smith é esperto o suficiente para mudar o tom de seu roteiro, e por conseguinte dos personagens, assim que os desnorteados quadrinistas chegam a um ponto de ruptura provocado pelo furacão que é Alyssa. O que rende diálogos incrivelmente mundanos e ao mesmo tempo marcantes.

Se há uma coisa que soa forçada é a deixa para justificar o título meio enigmático do filme, protagonizada pelo calado Silent Bob num de seus raros acessos verborrágicos. Não à toa, trata-se do principal ponto de inflexão da história. Que não tem cenas de sexo ou sequer uma reles nudez, mas transpira conteúdo sexual. Todo o elenco principal está relativamente bem, mas quem responde por algumas das partes mais engraçadas é Dwight Ewell como o quadrinista negro e homossexual que aparenta ser algo completamente diferente diante dos fãs de suas revistas.

Na seção de extras há especiais curtos de making-of e bastidores, mini-biografias do diretor e do elenco, inúmeras cenas cortadas com introdução de Kevin Smith e vários membros de sua equipe, o videoclipe de Have You Seen Mary do Sponge, trailer do filme e também de Um Homem de Família, A Encomenda, Sociedade Secreta e Outono em Nova York.

Texto postado por Kollision em 26/Dezembro/2005