Cinema

A Caverna

A Caverna
Título original: The Cave
Ano: 2005
País: Alemanha, Estados Unidos
Duração: 97 min.
Gênero: Terror
Diretor: Bruce Hunt
Trilha Sonora: Reinhold Heil e Johnny Klimek (Perfume - A História de um Assassino, Sangue & Chocolate)
Elenco: Cole Hauser, Lena Headey, Morris Chestnut, Eddie Cibrian, Piper Perabo, Rick Ravanello, Daniel Dae Kim, Marcel Iures, Kieran Darcy-Smith, Vlad Radescu, Brian Steele
Avaliação: 3

Por mais que eu tente olhar de alguma outra forma, há muito poucas diferenças entre este filme e o relativo pequeno sucesso de ficção científica chamado Eclipse Mortal (David Twohy, 2000). O diretor desta vez pode não ser Twohy, mas o protagonista Cole Hauser tinha naquele filme também um dos papéis principais. O ambiente não é mais um planeta alienígena, mas o cerne da história é também praticamente o mesmo, ou seja, uma trupe de humanos sendo ameaçada por criaturas sedentas de sangue. Estes, entre outros motivos, servem para atestar a quase completa ausência de personalidade de A Caverna, trabalho de estréia do diretor Bruce Hunt rodado em plena Romênia, país onde se passa a história.

Começando trinta anos no passado, o roteiro mostra um grupo de exploradores nazistas invadindo uma caverna inexplorada na cordilheira dos Cárpatos, encravada sob uma igreja no inóspito território romeno. Segue-se um enorme desabamento e eles desaparecem. Já no presente, outro grupo de exploradores encontra a mesma caverna, e chega à conclusão que será preciso uma equipe de mergulhadores profissionais para desbravar a gigantesca malha aquática subterrânea conectada a ela. É então que entra em cena a turma liderada por Jack (Cole Hauser), responsável por conduzir a equipe liderada pela bióloga Kathryn (Lena Headey) através dos úmidos túneis romenos, que escondem terríveis criaturas jamais vistas por olhos humanos.

Dentro da atual conjuntura do cinema pipoca americano, A Caverna é um de seus representantes mais proeminentes, no que diz respeito a produtos enlatados e falta de originalidade. Seu maior problema é uma deficiência crônica na caracterização dos personagens, o que não facilita qualquer possibilidade de identificação mais positiva por parte da platéia com os supostos heróis da tragédia que o filme se propõe a mostrar. Já que a única característica unânime do elenco é a falta de carisma, toda a parte em que a equipe de Cole Hauser é apresentada e se reúne com os cientistas trabalhando na Romênia poderia ter sido deixada de fora, com o filme começando direto pela sua entrada na caverna. Não se pode deixar de mencionar também as decisões malucas do roteiro algo padronizado sobre as técnicas mais batidas de eliminação gradual de vítimas em pastiches de monstros.

A decisão de transformar o líder da missão numa espécie de risco ambulante para seus companheiros até rende alguma tensão, e só. O design das criaturas da caverna é uma estranha mistura entre um Alien e um pterodáctilo, com acabamento parecido com o de um inseto. Não é nada lá muito original, mas o diretor tenta usar o estratagema de escondê-los até o momento certo para mostrá-los. Infelizmente, a aparição dos bichos não deixa de ser meio decepcionante. E, apesar da sensação cada vez maior de claustrofobia, há evidentes problemas na orientação espacial da fuga desesperada dos mergulhadores através da gigantesca caverna.

Esquecível e descartável, uma carreira bem curta a caminho do ostracismo é o que este filme-clone realmente merece.

Texto postado por Kollision em 18/Fevereiro/2006