Cinema

Bridget Jones - No Limite da Razão

Bridget Jones - No Limite da Razão
Título original: Bridget Jones - The Edge of Reason
Ano: 2004
País: Inglaterra, França, Alemanha, Irlanda, Estados Unidos
Duração: 108 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Beeban Kidron
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams (Cruzada, Domino - A Caçadora de Recompensas)
Elenco: Renée Zellweger, Colin Firth, Hugh Grant, Jacinda Barrett, Sally Phillips, Gemma Jones, Jim Broadbent, James Faulkner, Celia Imrie, Dominic McHale, Donald Douglas, Shirley Dixon, Neil Pearson, Rosalind Halstead, Luis Soto
Avaliação: 6

Helen Fielding, a autora do bestseller O Diário de Bridget Jones, livro que inspirou um filme homônimo, talvez jamais tivesse imaginado que a cria cinematográfica oriunda de sua obra alcançasse o sucesso que conseguiu. Marcado pela indicação ao Oscar de melhor atriz para a protagonista Renée Zellweger, o filme de 2001 apresentou à platéia as aventuras da típica mulher de meia-idade, cuja caótica, engraçada e por vezes mundana rotina foi muito bem retratada. Um pouco acima do peso e imersa em dilemas pessoais e profissionais que se entrelaçavam graças à sua própria confusão, Bridget Jones era o arquétipo da mulher solteira moderna. Com muito bom humor e apoiada por um elenco masculino super-afinado, Zellweger definitivamente elevou o que seria mais uma comédia boba a um patamar de respeito.

Sendo assim, o que afinal não funciona bem em Bridget Jones - No Limite da Razão? Todos os ingredientes do original estão lá, uns até mesmo um pouco mais acentuados que outros (como a incrível capacidade da protagonista de se meter em situações constrangedoras). Além disso, Colin Firth e Hugh Grant retornam exatamente como antes, e Renée ganhou peso novamente, de tal forma que até parece ter passado um pouco do ponto. A trilha sonora continua acertadíssima, com canções escolhidas a dedo para determinadas passagens do filme. Apesar da direção ter mudado de mãos, passando para a responsabilidade de outra mulher, a essência desta continuação é praticamente a mesma do original.

E é exatamente aí que reside o ranço que acompanha No Limite da Razão do início ao fim. Contar a mesma história de novo ou chegar ao mesmo lugar de onde se partiu torna qualquer continuação redundante e desnecessária. A surpresa que existia desapareceu, e até mesmo as piadas não surtem o mesmo efeito de antes. Bridget ficou tão pateta que chega a inspirar pena em pelo menos duas cenas desta continuação, o que não acontecia no original. Na história, algumas semanas se passaram desde que Bridget escolheu ficar com o advogado certinho Mark Darcy (Colin Firth). Felicíssima, ela continua a atormentar a vida do amado da mesma forma ingênua e constrangedora de antes. Mas as coisas começam a tomar rumos estranhos quando a secretária dele passa a aparecer com freqüência cada vez maior onde quer que eles estejam. Em crise, ela se distancia de Mark e volta a ficar à mercê do cafajeste Daniel Cleaver (Hugh Grant), envolvendo-se em confusões cada vez maiores do outro lado do mundo.

O grau de repetição, ainda que competente, da história requentada, encontra seu ápice em mais uma cena de briga entre os dois pretendentes de Bridget. Não há o impacto e a graça do original, mas ainda é divertido ver dois marmanjos brigando como moças. Essa e as cenas intimamente ligadas a canções pop clássicas adequadamente utilizadas são os motivos principais do porquê o filme não é uma perda completa. Assim como a presença cênica prolongada de Grant, completamente injustificada (mesmo no livro a sua participação é ínfima), muitas das demais situações soam forçadas sem levar a lugar nenhum, narrativamente falando.

A esperança que fica é que Renée Zellweger, coitada, não se sujeite a fazer Bridget Jones mais uma vez, mesmo que ela seja novamente tentada pelo pequeno "incentivo" de 1 milhão de dólares para cada quilo a mais que ganhar. Pelo menos não com mais uma história completamente requentada e esquecível como essa.

Texto postado por Kollision em 21/Dezembro/2004