Cinema

Missão Perigosa

Missão Perigosa
Título original: Avenging Angelo
Ano: 2002
País: Estados Unidos
Duração: 98 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Martyn Burke
Trilha Sonora: Bill Conti (Jovens em Fuga, Judas e Jesus - A História da Traição, Rocky Balboa)
Elenco: Sylvester Stallone, Madeleine Stowe, Anthony Quinn, Raoul Bova, Harry Van Gorkum, Billy Gardell, George Touliatos, Angelo Celeste, Ezra Perlman, Carin Moffat, John Gilbert, Gino Marrocco
Distribuidora do DVD: Europa Filmes
Avaliação: 6

Há muitos motivos para que esse filme seja relegado ao esquecimento, o que é uma pena. A começar por seu título em português, uma das transposições mais indecentes que já vi na história da distribuição nacional de filmes. A desculpa pode estar no fato do longa ter sido lançado diretamente para o mercado de vídeo, mas o título Missão Perigosa em nenhum momento reflete o que o filme é, ou mesmo o que ele pretende ser. A começar por sua proposta, que não está relacionada nem com a máfia nem com sangue e violência, mas sim com comédia e romance, por incrível que pareça. Em linhas gerais, seria quase como um híbrido entre Máfia no Divã (Harold Ramis, 1999) e O Guarda-costas (Mick Jackson, 1992), guardadas as devidas proporções, claro.

Angelo Allieghieri (Anthony Quinn) é um ex-chefão da máfia já no final da vida. Frankie (Sylvester Stallone) é seu guarda-costas, e uma de suas principais atribuições, desde que começou a trabalhar para a família, é secretamente zelar pela segurança de Jennifer (Madeleine Stowe), a filha do chefe, que cresceu com uma família adotiva sem conhecer o verdadeiro pai, graças a desavenças e perigos do passado. Quando Angelo é vitimado por uma família rival, Frankie se vê sozinho com a obrigação de cuidar de Jennifer, que torna-se um alvo ambulante para os desafetos do velho onde quer que vá.

OK, não dá para se exigir muita coisa da história do filme, que não passa de uma colcha de retalhos bem mal engendrada e coalhada de clichês românticos do início ao fim. A que atribuir, por exemplo, o fato de Frankie bater na porta de Jennifer sangrando logo após o atentado que mata Angelo, senão ao desespero (infundado) do personagem? E que bom senso seria esse que domina o guarda-costas e faz o cara permitir que sua protegida atente contra a vida do tal poderoso chefão inimigo, num plano completamente ilógico e imbecil? Os furos da história são bem nesse estilo mesmo, muito em parte graças às restrições de produção, que obviamente não permitiram uma caracterização mais decente para o lado "máfia" do filme. Conseqüentemente, praticamente todos os bandidos acabam caindo numa categorização patética, o que definitivamente coloca o longa na categoria de Comédia, ao invés de Ação ou Policial. O que não chega a ser ruim, somente não condiz com qualquer material de divulgação existente para o filme.

Uma vez que se entra no espírito completamente descartável da história, é possível curti-la sem problemas, unicamente pelas presenças de Stallone e da sempre radiante Madeleine Stowe. Graças a eles, é possível relevar as deixas manjadas do roteiro sem pé nem cabeça, a direção pouco inspirada e as passagens piegas que brotam lá pelo final do filme. Ver Sylvester Stallone num papel onde o brutamontes dá lugar a um romântico de admirável nobreza já é interessante mas, por incrível que pareça, o cara também consegue arrancar algumas risadas, sejam elas por pura pagação de mico (como na cena em que ele ensina sua protegida a caminhar rebolando, numa passagem deveras constrangedora), seja quando ele dá gritinhos de dor enquanto costura um ferimento a bala no estômago. Quanto a Madeleine Stowe, bem... Não preciso mencionar muita coisa. Ela simplesmente justifica a sessão de qualquer filme em que apareça.

Como curiosidade, é preciso mencionar que este foi o último filme de Anthony Quinn, atuando numa espécie de papel-tributo à sua extensa carreira.

Os extras do DVD se resumem a biografias curtas de Stallone, Madeleine Stowe e Anthony Quinn, trailer de cinema e também os trailers de Conduta Ilegal, A Mão do Diabo e Hardball - O Jogo da Vida.

Texto postado por Kollision em 6/Julho/2006